Desafio da superação – Correio Braziliense

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Correio Braziliense

Falta de crédito reduz emprego e atividade na indústria da construção. Setor busca novas oportunidades de negócios e modernização da gestão

O cenário da indústria da construção permanece difícil. Atividade e emprego continuam em queda. A forte crise econômica reduziu o investimento público e as consequências mais visíveis foram a perda de mais de 1 milhão de postos de trabalho, a redução no volume de lançamentos imobiliários e o enxugamento da carteira de obras.

Tais dificuldades induziram a abertura de um novo ciclo na indústria da construção, marcado pela busca por novas oportunidades de negócios, com foco especial nas modalidades de concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs). A modernização da gestão das empresas e de seus empreendimentos, com ações para o fortalecimento dos mecanismos de controle interno e a adoção de tecnologias avançadas, como o Building Information Modelling (BIM), também merecem destaque.

Diante do quadro negativo, os empresários do setor seguem pouco propensos a investir. A falta de crédito e a insegurança jurídica são problemas cotidianos da construção, que enfrenta diariamente o desafio da superação. Nesse momento, a aprovação das reformas estruturais, a trabalhista e da Previdência Social, no Congresso Nacional é apontada pelo setor como ação estratégica para a recuperação da economia.

Conjuntura

No momento em que o país dá sinais de reação, com o registro de indicadores positivos no primeiro trimestre, preocupa o fato de a construção civil não ter acompanhado o movimento, registrando contratação no período. “É preciso tomar novas medidas. Nosso setor está buscando a sobrevivência”, disse José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

A nova conjuntura do país, seus desafios e oportunidades para a construção civil, foram discutidos no 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que reuniu, em Brasília, mais de 1.400 dirigentes, empresários e profissionais de todos os segmentos da construção civil, vindos de todas as regiões do Brasil.

Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), com o tema “Superação é nossa maior obra”, o evento promoveu debates qualificados sobre temas da agenda nacional e de interesse do setor.

Maior evento do calendário anual do setor, o Enic foi realizado pelo Sinduscon-DF, sindicato que representa as empresas da construção civil na capital federal e congrega mais de 300 associados. “Todos nós estamos preocupados e mobilizados para ajudar o país a superar as dificuldades”, afirmou Luiz Carlos Botelho, presidente da entidade.

Reformas

Na abertura do Enic, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, anunciou que o governo editará, nas próximas semanas, uma Medida Provisória para dar às empresas privadas os mesmos direitos das empresas públicas no acesso a recursos para investimento em saneamento básico. Segundo ele, o governo vai lançar o programa “Avançar Cidades”, com recursos de R$ 5,2 bilhões para prefeitos e governadores investirem em obras de saneamento e mobilidade.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que, apesar da crise, a economia brasileira apresenta sinais de retomada. Aprovadas as reformas estruturais propostas pelo governo, o Brasil pode chegar a uma taxa de crescimento entre 3,5% a 4% ao ano, informou ele, e alertou para o pessimismo exagerado, “que pode levar a decisões equivocadas”.

Meirelles apresentou aos empresários do setor dados do Banco Central que indicam a retomada do crescimento econômico entre janeiro e março, reiterando a previsão de alta de 0,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 em relação ao ano passado. “O Brasil, ao contrário do que muitos dizem, tem condições de crescer. Não é uma economia que está sujeita a qualquer abalo ou a entrar em colapso. Hoje, temos uma economia forte”, garantiu.

O ministro ressaltou que a queda da inflação leva à redução dos juros e resulta num aumento do poder de compra da população. “Nos últimos meses, empresas e famílias iniciaram um processo para pagamento de dívidas, que é fundamental para que a economia volte a crescer”, afirmou.

Para Botelho, do Sinduscon-DF, o lema “superação” vem da perspectiva de que o setor precisa vencer todas as dificuldades, e ele acredita que a comunicação com os empresários foi eficiente. “Felizmente, os ministros e os palestrantes que vieram internalizaram que o processo de superação é o nosso caminho para alcançar os melhores resultados e objetivos”, revelou.

Botelho destacou que o Enic contribuiu para mudar o comportamento dos empresários do setor frente ao Estado. Para ele, é preciso iniciativas que dêem ao setor o poder de mudar a sociedade. “Nós queremos romper a perspectiva de que o Estado tem que ser para si, e torná-lo para as pessoas”, declarou.

"O Brasil está mudando e a construção civil acompanha esse movimento, buscando competitividade, produtividade e novos negócios”
José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic)

"É essencial a rápida aprovação das reformas para recuperar a credibilidade do país e trazer de volta o interesse do investidor”
Luiz Carlos Botelho, presidente do Sinduscon-DF

 

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