Derrubadas podem ocasionar desvalorização nos terrenos, dizem especialistas – Correio Braziliense

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Correio Braziliense
Isa Stacciarini e Bernardo Bittar 

A derrubada de algumas estruturas às margens do Lago Paranoá deve afetar a valorização das mansões localizadas nas pontas de picolé. O preço médio de uma residência localizada próximo à orla, nas QLs do Lago Sul, por exemplo, é de R$ 7,8 milhões. O valor mais baixo no endereço nobre da capital sairia a R$ 5,3 milhões e o mais alto, R$ 9,8 milhões. Os dados foram compilados pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), a partir de pesquisa em um dos maiores portais de compra e venda de imóveis do Distrito Federal. Para representantes de entidades do setor, a desvalorização das casas que sofrem demolições de cercas, muros e grades pode chegar até a metade do preço.

O presidente do Sindicato da Habitação do DF (Secovi-DF), Carlos Hiram, reforça que, historicamente, as residências à beira do espelho d’água são mais valorizadas no mercado imobiliário da capital federal. “Os imóveis afetados com a ação do governo sofrerão uma óbvia e muito expressiva queda de preço. Quando um morador adquiriu uma casa na ponta de picolé, cuja área verde permitia o acesso ao lago, ele pagou mais caro por isso. Com a desobstrução, os donos enfrentam outra realidade”, explica. “Essas mansões não têm vizinho de fundo. A vista é privilegiada, e os moradores utilizavam o acesso ao lago como lazer”, conclui.

Segundo o vice-presidente da Indústria Imobiliária do Sinduscon-DF, João Accioly, o prejuízo deve ficar restrito às residências atingidas pela operação da Agência de Fiscalização do DF (Agefis). “Deve existir uma desvalorização nesses imóveis específicos, não na região, de forma geral. A quantidade de imóveis na orla é pequena para causar um prejuízo no setor inteiro. Mas as residências com acesso restrito ao lago tinham uma condição diferenciada”, esclarece.

Interesse

Com 25 anos de experiência no mercado imobiliário de Brasília, a corretora Sônia Rusther acredita em mudanças sutis no preço dos imóveis à beira do reservatório. “Ainda não aconteceu nada. Estou vendendo MLs e pontas de picolé — que vão perder o acesso —, e, ainda assim, há pessoas interessadas em comprá-las. Normalmente, as tabelas sobem entre 20% e 30%, mas, agora, a tendência é estagnar”, avalia.

Apesar das expectativas, o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal, Paulo Muniz, não acredita em desvalorização. “A região sempre será a localidade mais valorizada de Brasília. Os moradores continuarão tendo acesso, pois poderão sair de suas casas e estar às margens do lago. O lugar sempre foi excepcional e continuará sendo. Não vejo impacto em relação a isso no setor. Sempre será um endereço nobre”, alega.

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