Críticas à informalidade – Correio Braziliense

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Presidente da Ademi critica a falta de planejamento imobiliário da capital federal e chama atenção para o crescimento desordenado

 

Matéria publicada pelo Correio Braziliense no dia 13/03/2015

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Isa Stacciarini
 
“A empresa que cuida do desenvolvimento do Distrito Federal na parte urbana, que é a Terracap, não cumpre a lei em relação a atender os seus parcelamentos com infraestrutura a tempo e a hora”, afirmou o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Paulo Roberto de Morais Muniz. Há quase dois anos à frente da entidade, ele reclamou da falta de empenho e de investimento na área de infraestrutura. Em meio à crise financeira vivida pelo GDF, e após o período eleitoral, Muniz classificou a posição do setor como um “pessimismo geral”.
 
Para ele, Brasília sofre com a falta de planejamento durante a expansão. Criticou os problemas conjunturais de Águas Claras, como o trânsito, e propôs um investimento no metrô para aliviar o tráfego na capital federal. Ele ainda condenou a urbanização de Vicente Pires, considerada emblemática pela Ademi. “Estão construindo prédios de seis e oito pavimentos, sem projetos aprovados, e o mais grave: ficam prontos e ainda têm energia elétrica. Todo mundo fecha o olho para Vicente Pires. É o quanto Brasília está incentivando a informalidade.”
 
Como o atual momento do GDF afeta o mercado imobiliário do DF? 
 
Está um pessimismo geral e as pessoas ficam receosas em fazer investimentos, principalmente em um bem tão valioso como um imóvel. Mas, no DF, existe uma situação peculiar porque há um deficit habitacional próximo a 100 mil unidades. Além do mais, sempre quando há uma eleição, ainda mais agora com a renovação do Congresso Nacional em 50%, chegam muitos auxiliares de gabinetes e muita gente nova a Brasília. Então, logo após as eleições, aparece uma demanda grande por imóvel.
 
De que forma os condomínios irregulares atrapalham quem, legalmente, opera no mercado? 
 
A economia informal nesta cidade impera, principalmente, pelos condomínios irregulares, e não vemos as autoridades tomarem providências. Isso nos deixa indignados, pois nós temos uma evasão violenta de renda com os condomínios e deixamos de recolher impostos importantes. Brasília cresceu e não teve planejamento de expansão. Infelizmente, a empresa que cuida do desenvolvimento do DF na parte urbana, que é a Terracap, não cumpre a lei em relação a atender os seus parcelamentos com infraestrutura a tempo e a hora. Essa realidade vem de anos.
 
Quais as principais demandas da Ademi em relação ao novo governo?
 
Em 23 de março de 2011, nós entregamos uma carta ao então governador Agnelo Queiroz, no início do mandato dele, quando eu era o vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-DF. Nós alertamos sobre as dificuldades que estávamos tendo em relação à aprovação de projetos, à insuficiência de profissionais, à morosidade na expedição dos alvarás de construção, às cartas de habite-se e aos problemas de ligação de energia da CEB. Após quatro anos, as demandas permanecem e se agravam.
 
Quantos empreendimentos estão para serem aprovados? 
 
De acordo com um levantamento que fizemos em dezembro, somente de associados da Ademi, existem 143 projetos para serem aprovados. Eles poderiam gerar cerca de R$ 2,7 bilhões de impostos federais e distritais, algo em torno de 300 mil empregos diretos e indiretos. Para nós, hoje, essa situação é o principal gargalo. Vendemos para o cliente o sonho que a Terracap nos vendeu. Temos 120 dias sem aprovação de projeto.
 
Qual é a avaliação da Ademi sobre o Noroeste? 
 
O Noroeste é uma expansão do Plano Piloto. Temos lá mais de 60 prédios prontos na primeira fase. A segunda etapa não começou ainda, as primeiras obras iniciam-se a partir de agora, porque tivemos um entrave burocrático para retirar os alvarás. Todo mundo quer morar no melhor lugar. A única coisa é que ainda não temos a conclusão da infraestrutura relativa à fase 1, conforme acordado em 2013. Falta a parte de infraestrutura e urbanização. Mais dia, menos dia, o Parque Burle Marx terá de ser feito.
 
O que a Ademi pode fazer para fornecer mais opções habitacionais de qualidade?
 
Em Águas Claras, estima-se que entre 75% e 80% da cidade esteja concluída. É extremamente agradável, mas falta infraestrutura urbana, quatro viadutos precisam ser construídos e há ausência de um planejamento sério em relação ao trânsito. Foi feita em função do metrô, e ele não expandiu, parou no tempo. Vejo com bons olhos o desenvolvimento de Samambaia, que tem uma infraestrutura interessante, com avenidas largas e está próximo da UnB, em Ceilândia, e de outras faculdades.
 
A Ademi tem algum interesse em Vicente Pires? 
 
Para nós, Vicente Pires é até emblemática. Estão construindo prédios de seis e oito pavimentos sem projetos aprovados, e o mais grave: ficam prontos e ainda têm energia elétrica. Todo mundo fecha o olho para Vicente Pires. É o quanto Brasília está incentivando a informalidade. Estamos dispostos a arregaçar as mangas para ajudar nessa regularização.
 

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