Construtoras pedem a regulamentação de distratos – Valor Econômico

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Jacilio Saraiva
Valor Econômico

Algumas construtoras do mercado residencial acreditam em uma retomada dos negócios ainda em 2017. Mesmo temerosas diante das incertezas políticas, apostam em estratégias que somam a aquisição de novos terrenos, injeções de recursos de fundos estrangeiros e novas condições de venda de imóveis. Para algumas das empresas do setor, que sentiram uma queda de até 17% no faturamento no último ano, é preciso também criar novas regras de distratos para preservar a saúde financeira da indústria. 

Na SKR, com 2.049 unidades entregues, as dificuldades do cenário econômico no ano passado empurraram três lançamentos para este ano. "O ano passado foi afetado pelas incertezas da economia e mudanças no governo", explica o CEO Silvio Kozuchowicz, que tem 85% da carteira de empreendimentos no mercado residencial. "A economia real não apresentou sinais de recuperação." 

A empresa faturou R$ 112 milhões em 2016, ante um faturamento de R$ 135,2 milhões em 2015, com uma queda de 17%. "Mas mantivemos a margem bruta acima de 40%, sem endividamento bancário, com estoques reduzidos e baixo índice de distratos."

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Para 2017, a expectativa de Kozuchowicz é de uma recuperação lenta da economia, a partir do terceiro trimestre, por conta da redução da taxa Selic para um dígito, até o final do ano, e do aumento do limite para o uso do FGTS. A construtora mantém um planejamento para quatro lançamentos, entre junho e outubro, com um Valor Geral de Vendas (VGV) potencial de R$ 300 milhões, nas regiões da avenida Faria Lima, Moema, Vila Madalena e Pinheiros, todas na capital paulista.
 
No primeiro quadrimestre do ano, sem a ocorrência de distratos, as vendas alcançaram R$ 27,1 milhões, bem abaixo dos R$ 40,1 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. Até dezembro, o plano da SKR é investir na aquisição de terrenos que possam elevar o potencial de VGV para R$ 400 milhões, em 2018. "É fundamental que o Congresso aprove a regulamentação dos distratos, que afetaram drasticamente o resultado dos principais players em 2016".

Desde o início de 2016, a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e outras entidades do setor discutem com os ministérios do Planejamento e da Justiça a regulamentação de novas regras para os distratos. Já os financiamentos imobiliários somaram R$ 10 bilhões no primeiro trimestre de 2017, montante inferior em 7,8% ao registrado no mesmo período de 2016, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). 

Alexandre Lafer, CEO da Vitacon Incorporadora e Construtora, que em sete anos entregou mais de sete mil unidades, totalizando aproximadamente R$ 3 bilhões em vendas, afirma que a empresa não foi impactada por distratos "As características dos nossos produtos blindaram o portfólio", diz o executivo, que também segurou lançamentos no ano passado. Setenta e cinco por cento dos empreendimentos da companhia são compactos, com plantas de 14 a 96 m². 

A Vitacon fez três lançamentos em 2016, um a menos do que em 2015. Para 2017, o plano é realizar oito ofertas, em bairros como Jardins, Itaim e Vila Olímpia. Em abril, fechou uma parceria com o grupo CapitalLand, de Cingapura, que tem US$ 80 bilhões em ativos sob gestão. As duas empresas planejam investir R$ 1,5 bilhão no país, nos próximos cinco anos, para a construção de cinco mil unidades residenciais para locação. 

Também firmou parceria com o fundo americano Hines, especializado em mercado imobiliário. A transação marca a chegada de cerca de R$ 600 milhões, com uma liquidez imediata superior a R$ 200 milhões, para a companhia. Serão quatro projetos em São Paulo, com VGV de R$ 1,5 bilhão, e lançamentos em doze meses. Para Dante Seferian, CEO da Danpris Construtora e Incorporadora, o mercado ganhava otimismo, mas "com as recentes notícias da LavaJato, teremos de aguardar os desdobramentos."

 

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