Com pandemia, 79% das construtoras pretendem adiar lançamentos imobiliários

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Agência CBIC

O Brasil registrou um aumento de 26,7% nas vendas de imóveis residenciais novos (apartamentos) no comparativo entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2019. O setor vinha em uma tendência de crescimento desde janeiro de 2018. Entretanto, as incertezas no mercado por causa da pandemia de Covid-19 levaram a uma queda de 14,8% nos lançamentos de unidades habitacionais na comparação entre janeiro, fevereiro e março deste ano e o mesmo período do ano passado.

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Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º trimestre de 2020. Realizado desde 2016 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), o trabalho foi divulgado durante coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (25/5), com os dados coletados e analisados de 118 municípios, sendo 18 capitais, de Norte a Sul do Brasil. Algumas cidades foram analisadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.

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Além do levantamento, a CBIC apresentou uma avaliação preliminar dos efeitos da crise, mostrando que 79% das construtoras pretendem adiar lançamentos que estavam previstos para os próximos meses. Os dois estudos foram realizados em parceria com a empresa Brain Inteligência Estratégica.

Para o presidente da CBIC, José Carlos Rodrigues Martins, a comparação anual mostra que 2020 seria o ano que consolidaria o crescimento do setor. “Estávamos em franca decolagem, seguindo o mesmo caminho trilhado desde 2018. No primeiro trimestre de 2020, em relação a 2019, tivemos um acréscimo de mais de 26% nas vendas. Mas apesar do setor já ter sentido os reflexos da pandemia a partir do mês do abril, acreditamos que a construção civil, por meio dos seus vários pilares, é que vai ajudar na retomada desse novo momento no Brasil.”

Lançamentos

No 1º trimestre de 2020, os lançamentos de imóveis (18.388 unidades) apresentaram uma queda de 14,8% na comparação com o 1º trimestre de 2019.

A maior queda no número de unidades lançadas foi observada na região Nordeste (2.361 unidades), com 56,3% menos que no 1º trimestre de 2019, seguida pelo Sul, com diferença de 29,1% (3.621 unidades). A região Sudeste teve pequena variação negativa, de 2,4% (8.745 unidades).

As exceções foram a região Norte, que no 1º trimestre de 2020 lançou 754 unidades, ou 183,5% mais que no mesmo período de 2019. Na região Centro-Oeste, foram 2.907 lançamentos – alta de 57,4% no comparativo com janeiro, fevereiro e março do ano passado.

Houve queda geral de 69,1% no comparativo de lançamentos do 1º trimestre de 2020 (18.388 unidades) com o 4º trimestre de 2019 (59.553 unidades), que foi o melhor trimestre em lançamentos dos últimos dois anos. A maior diferença foi no Sudeste, com 8.745 lançamentos ou 79,2% menos que no período imediatamente anterior.

O valor geral dos lançamentos (VGL) do 1º trimestre de 2020 foi de R$ 6,3 bilhões e caiu 9,65% em relação ao 1º trimestre de 2019 e 76% em relação ao 4º trimestre de 2020. O índice representa a soma do valor potencial das vendas de todas as unidades que compõem os empreendimentos lançados.

Vendas

No país todo, as vendas apresentaram um aumento de 26,7% no 1º trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O resultado foi positivo em todas as regiões. No Sudeste, foram vendidas 18.443 unidades, ou 39% mais imóveis verticais que no mesmo período de 2019. No Norte, foram vendidas 868 unidades (+27,8%), e no Nordeste, 7.311 (+21,3%). No Sul foram vendidos 5.454 apartamentos (+12%) e no Centro Oeste, 2.335 (+0,7%).

A oferta final apresentou uma queda de 2,5% em relação ao trimestre anterior e um aumento de 8,1% em relação ao mesmo trimestre de 2019.

O valor geral de venda (VGV) do 1º trimestre de 2020 foi de R$ 12,66 bilhões e cresceu 15,14% em relação ao 1º trimestre de 2019 e caiu 32,1% em relação ao 4º trimestre de 2019. Trata-se da soma de valor potencial de venda de todas as unidades que compõem os empreendimentos imobiliários.

Minha Casa Minha Vida

O estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 1º Trimestre de 2020 também analisou a participação do programa habitacional Minha Casa Minha Vida (MCMV) nas unidades lançadas e nas unidades vendidas por região brasileira. A representatividade do MCMV sobre o total de lançamentos, no período, foi de 57%. Sobre o total de vendas, essa participação foi de 55,6%.

A queda nas vendas entre imóveis de médio e alto padrão e imóveis do Minha Casa Minha Vida, durante a pandemia, é desproporcional. Nas regiões com maior incidência do programa, a queda foi menor. Em Maceió, por exemplo, houve aumento de 8% nas vendas de imóveis no mês de abril. Em Curitiba, no mesmo período, houve uma redução de 77% nas vendas.

Na avaliação do vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, as obras financiadas pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) potencializaram o mercado imobiliário durante o período. “A participação do Minha Casa Minha Vida se torna cada vez mais fundamental para o mercado imobiliário. Apesar da pesquisa ter levado em conta apenas empreendimentos verticais de 118 municípios, mesmo assim a participação do MCMV representou 57% dos empreendimentos. O que significa que, analisando o cenário como um todo, o recurso do FGTS e o MCMV devem ser responsáveis por cerca de 80% do número de unidades do mercado de todo o país.”

Covid-19

Houve uma paralisação em relação à perspectiva de vendas em função da pandemia do novo coronavírus. Uma avaliação preliminar dos efeitos da Covid-19 com empresários da construção civil, realizada pela CBIC e pela Brain, mostra que 79% das empresas pretendem adiar lançamentos.

Para estimar o impacto da pandemia, foram consideradas amostras representativas de cidades das cinco regiões do Brasil: Maceió (AL), Curitiba (PR), Manaus (AM), Goiânia (GO) e São Paulo (SP). Empresários do setor foram ouvidos entre 25 de abril e 4 de maio, em conjunto com a CBIC e mais de 50 entidades setoriais de todo o país.

Vendas Online

Houve um crescimento nas vendas online durante o mês de abril, o que pode antecipar uma oportunidade de reposicionamento para o mercado pós-coronavírus. Das 540 empresas pesquisadas pela CBIC e pela Brain em abril, 56% fecharam vendas durante a pandemia, sendo que 55% das negociações tiveram início após 20 de março (mesmo com os pontos de venda física fechados). Além disso, 40% das empresas participantes do levantamento não sentiram ou sentiram queda sutil na busca por imóveis online.

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