Afonso Assad
Presidente da Asbraco
Apesar do cenário perverso que a corrupção representa, podemos perceber, nos últimos anos, que ações empresariais, e sobretudo governamentais, têm procurado o caminho da integridade, adotado em projetos de reformulação das estruturas de governança de empresas privadas e públicas.
Ainda assim, não deixa de ser um tema bastante polêmico, com o surgimento de leis, decretos e portarias regulamentadoras que deveriam otimizar todo o processo, mas, infelizmente, vêm burocratizando e dificultando a aplicabilidade do programa.
O setor construtivo de Brasília percebe que o programa de integridade tem como premissa medidas anticorrupção que podem ser adotadas por qualquer empresa, especialmente por aquelas que visam à prevenção, detecção e remediação dos atos antiéticos. E somos totalmente a favor da implantação do programa de forma geral, porém é necessário visualizar a realidade e entender que este processo é gradual e evolutivo.
Em Brasília, a lei que trata sobre o Programa de Integridade está vigente desde 1º de janeiro deste ano e recentemente a Controladoria-Geral do Distrito Federal (CGDF) analisou os Programas de Integridade das empresas que possuem contratações iguais ou superiores a R$ 5 milhões com o governo do DF. Embasada com teorias, produziu a PORTARIA Nº 121, publicada no dia 08 de julho de 2020, na tentativa de regimentar o programa, de acordo com a Lei nº 6.112/18.
Atualmente, 98% das construtoras do DF são de micro e pequeno portes, nem todos os empresários do setor terão acesso aos escritórios para fazerem programas de integridade. Não há dúvidas de que empresas que prestam serviço para o setor público precisam aplicar bem o dinheiro público, mas não dá para criar dificuldades neste momento de crise.
Isso fez com que as entidades, a Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), buscassem diálogo com a CGDF, ensaiando um alinhamento entre os setores.
Na referida reunião, estivemos com o secretário de Estado Controlador-Geral do Distrito Federal, Paulo Wanderson Moreira Martins, para falar sobre o Programa de Integridade e alguns possíveis problemas que a portaria nº 121 poderá apresentar, se permanecer da forma como está.
Durantes esses diálogos, o setor deixou evidente o apoio total ao programa, porém com uma forma mais eficaz de aplicação da fiscalização, sem cair na demanda excessiva de tempo e desperdício de dinheiro para ambas as partes.
As entidades vêm trabalhando constantemente para tornar a aplicação do Programa de Integridade no DF, rápida e sem entraves, mas chamamos a atenção de nossos associados para a implementação imediata do programa nas empresas, pois até que se tenha uma definição sobre o tema, seguem vigentes a Lei 6.112/18, o Decreto 40.388/2020 e a Portaria nº 121.