Apesar de cenário positivo, para empresários 2013 iniciou queda na construção civil – Fato Online

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Valéria Rodrigues
Fato Online

O momento positivo que a construção civil no Brasil vivia em 2013 – com crescimento de 6% no valor adicionado ao PIB (Produto Interno Bruto), segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada na quarta-feira (21) – representava, na verdade, o início da forte desaceleração dessa indústria que está tendo seu auge neste ano de 2015. Essa é a avaliação dos empresários do setor consultado pelo Fato Online sobre os dados do IBGE. O valor adicionado de um setor representa quanto de riqueza a área gerou num determinado momento.  

A estimativa do Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), que desconta a elevação dos preços do setor pelo INCC-DI (Índice Nacional da Construção Civil), é que o valor adicionado pelas empresas da construção representou, na prática, uma queda de 1,6% naquele ano de 2013. Segundo o sindicato, foi a primeira retração do setor desde 2008.

“Em 2013, pela primeira vez, houve uma queda (no PIB do setor)”, afirmou Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do sindicato. E o motivo apontado para isso, foi a menor contratação de obras naquele momento quando comparado a anos anteriores. “Isso significa que estávamos chegando ao fim de um ciclo de expansão muito grande tanto na infraestrutura quanto na atividade mobiliária”, disse Zaidan.

De acordo com o IBGE, a indústria da construção cresceu 3,7% em termos reais em 2013 frente a 2012, influenciada pela oferta de crédito imobiliário, pelos programas de investimento como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa Minha Vida, além de obras para a Copa do Mundo de 2014.

Deflator

Uma parte do empresariado do setor ainda tem dúvida sobre o real comportamento da riqueza gerada pela construção. O economista da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Luis Fernando Melo, disse que chegar ao exato valor adicionado ao PIB pode ser complicado. “O IBGE usa um deflator interno, um cálculo que ele mesmo estima a partir do custo dos insumos, de energia e um monte de variáveis”, ponderou.

Ele citou como exemplo o ano de 2009, quando os dados apontaram para um crescimento, mas quando o IBGE usou o deflator, ou seja, descontou os preços do período, o que se viu foi o encolhimento dessa indústria. É importante lembrar que, em março desse ano, a metodologia foi revista e o número corrigido voltou a ser positivo.

O gerente da pesquisa no IBGE, José Carlos Guabyraba, explicou que os dados do PIB nacional de 2013 ainda estão sendo consolidados. Mas ressaltou que o estudo auxilia o setor ao mostrar um cenário, para que as empresas que vão contratar um serviço no setor de construção civil tenham uma ideia do cenário futuro.

“Ele tem a dimensão de quanto se gastou num ano para que tenha uma posição do caixa dele no ano atual”, afirmou. Mas, sem fazer análise sobre o quadro atual, Guabyraba disse que os dados de 2013 não devem ser usados isoladamente nesse momento.

“Não se esperava, com esses dados, o que houve mais a frente, reflexo de um movimento internacional [na economia]. Então não podemos pegar os dados solitários de 2013 e ver 2015 e 2016 que têm fatores externos que estão influenciando a economia atual”, afirmou o técnico.

Pelos dados de setembro da sondagem da indústria da construção, divulgados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o setor vive um momento muito difícil. O ritmo de atividade está cada vez mais lento, bem como o emprego e com ociosidade crescente, em 42% até setembro.

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