Aliança Global para Edifícios e Construção (GABC), órgão ligado às Nações Unidas, no 89º Enic

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Assessoria de Comunicação da Cbic

O coordenador da Aliança Global para Edifícios e Construção (GABC), o arquiteto e urbanista Frédéric Auclair, concedeu entrevista ao Cbic Mais e relatou sobre o trabalho que é realizado no órgão ligado às Organizações das Nações Unidas (ONU) para criar políticas adequadas para edifícios sustentáveis e eficientes em termos energéticos. Essas ações vão permitir uma transformação concreta de valor do setor da construção e imobiliário em todo o mundo. "Vinte e quatro países, totalizando mais de 1,5 bilhão de habitantes e 72 organizações entre não-estatais, públicas e privadas ligadas ao setor da construção, aprovaram a declaração comum que visa a transição para um baixo uso de carbono no setor imobiliário de hoje até 2050. O Brasil foi um dos primeiros signatários desse importante engajamento”, diz Auclair.

A Aliança Global para Edifícios e Construção (GABC) é uma iniciativa lançada na COP21, como parte da Agenda de Ação de Lima, em Paris. O coordenador do GABC participa do primeiro painel da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CMA/Cbic), no 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), que tem como tema “A Indústria da Construção e Parcerias Estratégicas: Cumprimento das Metas em torno das Mudanças Climáticas e Oportunidades de Negócios em torno da Sustentabilidade”. No mesmo debate estarão presentes: o líder do programa Cidades e Negócios, do International Finance Corporation – IFC / Banco Mundial para América Latina e Caribe, Kristtian Rada; e o Ministério do Meio Ambiente, que ainda definirá um representante. Esta programação conta com a correalização do Senai Nacional.

C.M.: A participação da GABC durante o Encontro Nacional da Construção (Enic), um evento organizado pela Cbic, trouxe boas expectativas para a programação do evento. Você poderia nos dizer quais são os pontos essenciais da sua apresentação?

F.A.: Um dos pontos da resposta se situa no nome da aliança: Aliança Global para Edifícios e Construção. As obras constituem uma parte importante da nossa atividade, mas nós não queremos esquecer o capital que constitui também, de maneira mais importante, o setor da construção. Há, nesses vocábulos, uma questão de definição, mas também e sobretudo de ambição, para saber como nós temos coletivamente um dever de tentar fazer melhor e mais respeitosamente nossos projetos para esperar atingir o objetivo dos acordos de Paris nesse setor muito ativo.        

C.M.: A sondagem divulgada pela Sociedade de Pesquisa Energética (SPE), no Brasil, revela que a participação dos renováveis na matriz energética brasileira aumentou de 39,4% em 2014 à 41,2% no último ano. O governo brasileiro investiu mais de 155 bilhões sob a forma de financiamento para as 769 iniciativas de energias renováveis de 2003 a 2015. Você pensa que o Brasil está em uma boa via, o crescimento é razoável para o tamanho do país?

F.A.: Pouco a pouco cada país entende a importância de ajudar a tomada de consciência e do fato de que as nossas fronteiras são, antes de tudo, espaços de responsabilidade de uma extensão parcial do globo terrestre. Nós sabemos que no nosso mundo, as coisas se fazem lentamente na escala de nossas vidas humanas. Assim é muito importante que todos juntos peguem desde agora o trem em marcha para semear os grãos de um futuro mais radioso e respeitoso com respeito à nossa primeira habitação: o planeta Terra. O fato de que o Brasil tenha engajado às políticas é evidentemente uma coisa boa, mas nós sabemos que o país todo precisa ir mais depressa principalmente contra as inércias de certos mercados e hábitos que não são virtuosos para o nosso meio ambiente e também para o nosso modo de vida.  

C.M.: O Programa Minha Casa, Minha Vida, iniciativa do governo brasileiro para financiar a construção de casas para a população mais pobre do país, já constrói casas com painéis fotovoltaicos. Você crê que as iniciativas como essas são importantes para mudar o pensamento de que a energia renovável é para todo mundo e não para alguns?

F.A.: Esse engajamento dos programas brasileiros é essencial para mudar os hábitos. Em vários países, hoje em dia, as experiências nos levam coletivamente para uma habitação em que ela mesma produz a energia consumida para, no futuro, igualmente produzir a energia necessária para nossos deslocamentos. O vento e o sol são evidentemente ilimitados e nós preparamos o futuro de nossas crianças com um mundo que não terá mais de utilizar energias primárias ou nucleares cujo custo ambiental seja insuportável a longo prazo. Essas experiências no Brasil mostram também que nada impede que o nosso mundo caminhe para uma energia livre e gratuita ao alcance de todos, qualquer que seja a sua condição social.

C.M.: “O uso de energia em edifícios e construção representa mais de um terço do consumo global de energia e contribui para quase um quarto das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em todo o mundo. O crescente aumento da população, bem como o rápido crescimento do poder de compra nas economias emergentes e nos países em desenvolvimento, significa que a demanda de energia nos edifícios poderia aumentar em 50% até 2050” (Fonte: GABC). Nós retiremos esse trecho do site de GABC, para perguntar quais são as soluções para reduzir as emissões e ao mesmo tempo não deixar a população sem abrigo, já que em países como o Brasil tem ainda muita gente sem habitação digna?

F.A.:
Essa questão é muito importante e mostra que as respostas diferem no tempo e no espaço de acordo com as situações dos países. No nosso site, nós mostramos online a versão apresentada na COP22 do nosso relatório mundial do imobiliário baixo carbono que propõe um diagnóstico e um estado dos lugares da situação do setor no mundo. Em parceria com a Agência Internacional de Energia, nós vamos melhorar a versão 2017 que será apresentada na COP23 tentando ir além. Veja.

Sobre a base desse estado dos lugares, uma proposição de diário de bordo para o setor de obras e da construção foi proposto em uma primeira versão igualmente disponível no site da internet. Esse diário de bordo com ligação com os assuntos energéticos, dá soluções globais para o futuro próximo, mas necessita naturalmente levar em consideração a situação diversificada de cada país e região climática, uma adaptação à realidade igualmente social e econômica. É também lá que o grupo de trabalho sobre o financiamento tem a sua importância para encontrar soluções de investimento à altura das questões.

C.M.:Quais são as suas expectativas para a próxima COP 23, levando em consideração que o cenário com o novo presidente dos Estados Unidos não é muito encorajador em relação ao ambiente?

F.A.: Os Estados Unidos representam apenas 250 milhões de habitantes na Terra. Não devemos nos cristalizar sobre as situações políticas pontuais de alguns governos que não representam a realidade dos esforços de um país em assegurar as mudanças necessárias de paradigma. Em relação à sua questão, o Estado da Califórnia tem particular valor, a título de exemplo. Nós trabalhamos no curto e médio termos e devemos também compor com o estado atual da evolução da condição da nossa humanidade em relação ao nosso primeiro ambiente. Um movimento está em marcha. Nós somente fazemos coletivamente de maneira a acelerá-lo. As COPs constituem etapas onde fazemos juntos, parceiros estatais e não estatais, sobre a rapidez desse avanço coletivo. Aqueles que importam é tudo que nós pudermos engajar nos COP para mudar os hábitos e participar cada um na nossa medida para a tomada de consciência.

C.M.:Quais serão os temas da próxima Conferência do Clima, em Bonn, que serão abordados pela GABC?

F.A.: Nós estamos discutindo atualmente com os campeões da COP22 e da COP23 assim como com a UNFCCC para definir a melhor maneira de manter presente as obras e a construção nas negociações do clima a exemplo de todas as outras categorias presentes no Lima-Paris Action Agenda. As soluções são múltiplas. O impulso da construção em madeira com as florestas geradas não participando da destruição da floresta primária é, por exemplo, uma resposta muito boa para colocar em xeque o carbono nos nossos canteiros de obras.    

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