Sebastiao Longuinho
Engenheiro Civil e Diretor de Negócios do mercado imobiliário
Aqui, em casa, cumprindo o distanciamento social, e como todos os cidadãos sendo inundado de informações vindas de todos os lados, de diversas fontes. Desde números com problemas da saúde pública, da fragilidade e necessidades de intervenção na economia e das reais “possibilidades de caos social”, caso não sejamos assertivos e rápidos com a intervenção tão necessária.
Depois de ouvir e assistir a muitos especialistas, inclusive de países que passaram ou passam pelo mesmo problema mundo afora, olho para o Brasil e vejo que além das incertezas trazidas pelo vírus há ainda uma série de imprecisões geradas pelo excesso de informação, pois como escreveu Yuval Harari em seu livro 21 lições para o século 21, “Se não há mais restrições ao fluxo de ideias, a lógica da censura parece ter sido subvertida: o excesso de conteúdo a que as pessoas são expostas diariamente inunda-as de desinformação e distração”. Esse é o mundo moderno.
A única certeza que tenho neste momento é que tudo é incerto! Ou seja, todas as atividades que tinham modelos “bem definidos” até 3 meses atrás, e para nós, no Brasil, até 15 dias atrás, terão de ser repensadas. E isto aos olhos de pessoas e consumidores atentos, informados e exigentes. Desde produtos de primeira necessidade a bens duráveis. As organizações terão de se reinventar!
A grande questão é como ficará o mundo depois que tudo isto passar? Como serão as relações sociais? De trabalho? De consumo? Teremos aprendido algo com tudo isto? Teremos um olhar mais humano para com o “ser humano” ou tudo seguirá como antes? Não me lembro, por exemplo, de ouvir tanta gente com alto poder aquisitivo discutir sobre SUS, isto mesmo, “Sistema Único de Saúde”, de repente, essa parcela da sociedade entendeu como pode ser impactada direta e indiretamente se o sistema não funcionar, colapsar, em função deste desconhecido.
Minha reflexão após estudar as crises anteriores e ouvir gente que viveu muitas delas é que vai passar. todas as crises, independentemente de suas causas, tiveram ou tem início, meio e fim, é como a vida! Mesmo nos longos períodos de guerra, quando milhões de pessoas tiveram suas vidas ceifadas de muitas formas, com impacto social e familiar imenso, passou. E as nações avançaram!
É certo que os (as) lideres familiares, empresariais, políticos, religiosos tem um papel fundamental nessa transição. É hora de mostrarmos protagonismo de fato, com ações concretas. Precisamos recuperar a coragem e enfrentarmos esta situação de frente. Não podemos perder tempo, os recursos, quer sejam médicos, ou financeiros precisam chegar na ponta, urgentemente.
Espero que ao final deste processo, sejamos líderes melhores, filhos melhores, pais melhores, colaboradores melhores, enfim, uma sociedade melhor!
Hoje, temos muito material sobre atuação em rede. E no sentido mais amplo, pode ser aplicado a quaisquer relações, desde a cadeia de suprimentos numa determinada vertical da indústria, passando pela pesquisa e ensino, pelo funcionamento das cidades e claro chegando ao social. Isto será determinante juntamente com a tecnologia, nesta nova jornada que enfrentaremos, isto se quisermos ser bem sucedidos.
Um ponto interessante a ser observado será o comportamento de consumo em função das restrições de circulação que estamos enfrentando, o desempenho do e-commerce, o nível de serviço de entregas. Isto dará, suponho, uma mostra de como as organizações terão de oferecer seus produtos e serviços a posteriori.
Quais cadeias estão mais preparadas? As que operam de forma verticalizadas ou as que atuam em rede? Temos cadeias tradicionais ou “mais simples” como: (Fabricação/ Distribuição/ Varejo); ou atuando em redes com “sistemas mais sofisticados e modernos” que abrangem uma estrutura mais ampla (Fabrica/Marketplace – CD regional/CD local/ entrega na última milha) em muitos casos operados por uma cadeia múltipla e fragmentada, unida pela tecnologia.
Um ponto fundamental nisto tudo É NÃO PERDERMOS A ESPERANÇA. Precisamos ESTABELECER OU ATÉ REDIRECIONAR NOSSO PROPÓSITO. Temos de ENCONTRAR UM SENTIDO, que nos moverá em direção ao futuro!
O que temos que fazer durante e depois?
1) Cuidar das pessoas que estão ao nosso redor, das nossas famílias, nas nossas empresas, conversar muito, há uma grande necessidade aprendizado, de “conforto psicológico” trazido pela incerteza, todos precisam discutir para encontrar os melhores caminhos;
2) Transformar nossos “comitês de crise” em comitês estratégicos. Trazer essas pessoas para auxiliarem na reflexão dos próximos passos, especialmente os que hoje continuam mantendo a operação funcionando, estes serão capazes de dar contribuições importantes;
3) Ter a “cabeça aberta” para discutir o novo, pois, muitas coisas terão de funcionar permanentemente, de forma diferente daqui em diante, inclusive nos setores tradicionais da economia;
4) Quem tem espaço para incorporar tecnologias, deverá fazê-lo imediatamente. Não dá mais para aguardar;
5) É hora de consolidar as parcerias verdadeiras, tanto com clientes como com fornecedores;
6) Posicionar ou reposicionar nossas organizações frente ao novo cenário que irá se apresentar nos próximos dias;
7) Tornar as reflexões permanentes, aprender com a crise. Pensar em rede, atuar em cadeia, não dá mais para olhar partes isoladas da operação, independentemente do seguimento.
Deus nos abençoe!
Que tudo isto passe, e logo! Temos de voltar a vida “nova normal”!
Forte abraço!