Agência CBIC
A possibilidade de retomada de crédito para financiamento à produção por parte do Banco do Brasil (BB), além de uma ferramenta ‘0800’ que permita a adesão pelas empresas, apresentada pela Wiz BPO, foram as pautas da reunião de acompanhamento do programa Minha Casa, Minha Vida, promovida pela Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta quinta-feira (13), na sede da entidade, em Brasília, com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional)..
Antes de iniciar a conversa com os representantes do Banco do Brasil, o presidente da CHIS, Carlos Henrique de Oliveira Passos, reforçou a vontade do setor de ter mais acesso ao crédito. “Renovamos nossa esperança do BB ter uma rede nacional para crédito imobiliário com foco em produção, porque para aquisição já é forte”, ponderou Passos.
Eric Donatini, assessor do BB, citou que pagamentos da faixa 1 do MCMV estão acontecendo, mas não há perspectivas para novas contratações nessa faixa. “A tendência é seguir atuando prioritariamente com SBPE [Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo] e faixa 3 em cidades com mais de 200 mil habitantes”, comentou.
O assessor explicou, ainda, que o modelo de disponibilidade de funding do BB é inverso ao da Caixa. “Hoje, 90% do funding de poupança é para o agronegócio. Temos que fazer escolhas e o banco tem priorizado empreendimentos SBPE e faixa 3”.
Para Passos, o fato de o banco priorizar o financiamento para cidades com mais de 200 mil habitantes pode restringir o acesso ao crédito para produção para boa parte da região Nordeste do país, por exemplo. “Até entendo segmentação de cliente da faixa 3, mas quando exclui cidades assim, deixa de ser Banco do Brasil e sim, do Sul e Sudeste. Temos dificuldade de concentração bancária, e o BB é parte importante para que haja um melhor equilíbrio regional. Muitos empreendedores dependem desse financiamento. O banco não pode ser excludente, tem que ser inclusivo”, argumentou.
Jeferson do Santos, gerente de soluções do BB, se comprometeu a levar a demanda para o banco, para avaliar o cenário. “Não é questão de exclusão, é questão de mapeamento de onde está a demanda. Existe uma leitura da priorização, mas não é excludente”, disse.
O gerente destacou que o banco teve um intervalo de dois anos na atuação com pessoa jurídica, por causa da revisão dos processos. “Sabemos que podemos melhorar os processos e estou participando dessa retomada do crédito imobiliário dentro do banco. Vamos ver o que podemos fazer para melhorar e avançar na pessoa física também. Durante esse tempo em que não avançamos em crédito imobiliário, estávamos afiando nossos procedimentos internos, agora está na hora de colocar em prática as melhorias. Espero retornar na próxima reunião, em 40 dias, com novidades”, frisou.
Expectativas para o MCMV em 2020
Ainda no primeiro bloco do encontro, o presidente da CHIS, apresentou um panorama referente ao MCMV e expectativas para 2020. “Começamos o ano ainda com um cenário atribulado em relação ao programa. Já estamos em contato com o novo ministro do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho, trabalhando para conseguir liberação da verba”.
Passos ressaltou que o ano começou com saldo de 120 milhões no Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), o que permitiu à Caixa Econômica Federal pagar as faturas referentes a medições feitas após de 16 de dezembro de 2019. “Há algumas ressalvas no pagamento, sim, mas acredito que a maioria das parcelas foram pagas. Nenhum valor da rubrica orçamentária de 2020 do governo federal para o MCMV, faixa 1, de R$ 1,5 bilhão, foi executada. Tudo que foi pago até então é oriundo do orçamento de 2019”, frisou.
Preocupação com o FGTS
Henriqueta Alves, conselheira técnica da CBIC, ressaltou a preocupação com a posição do governo em relação ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “O governo tem outra visão do FGTS, avalia que o fundo tem função financeira. A nossa pressão dentro do Conselho Curador [do FGTS] hoje é para que se mantenha a função social e garantir que não fique defasado dentro da inflação”.
A consultora lembrou que, no ano passado, a conta do FGTS foi corrigida em 6,18%, acima de qualquer rendimento e que o presidente da República vetou a distribuição de 100% de lucro do FGTS. “Esse veto deve ser mantido. Precisamos acompanhar essa questão de perto. Então é muito importante a ação de todos nós perante parlamentares para o Congresso Nacional não derrubar este veto”, reforçou.
Atendimento 0800
Ivo Alves, superintendente comercial da Wiz BPO, apresentou proposta de um numero 0800 único para os clientes das construtoras. “A ideia é fornecer um único canal de comunicação junto as construtoras , um serviço de atendimento ao cliente (SAC) 24 horas por dia, 7 dias da semana, para que o mutuário entre em contato com a construtora, possibilitando assim o entendimento e consequentemente uma atuação tempestiva no problema. A forma de comunicação se dará por vários canais como telefone com ligação gratuita, WhatsApp, chat e/ ou e-mail”, destacou.
Alves explicou que a Wiz BPO trabalha com soluções personalizadas e colaboradores capacitados visando sempre a melhor experiência do cliente. Além de uma maior proximidade junto aos mutuários e uma padronização no atendimento , outro objetivo Do projeto é fazer com que as construtoras possam resolver eventuais problemas com maior agilidade e evitar que reclamações indevidas cheguem até as instituições financiadoras. “Independente do meio que for feito o atendimento, teremos as informações e os respectivos contatos em nosso sistema. Todo contato será gravado na plataforma. Faremos uma triagem das demanda sendo possível incorporar um manual de garantias para cada empreendimento, desenvolvendo um script padronizado junto as construtoras”.
O presidente da CBIC, José Carlos Martins destacou que essa ferramenta será incluída dentro da plataforma CBIC Serviços. “Vamos ter uma plataforma por trás das reclamações que pode nos defender nas disputas judiciais, além de avaliar, como a auxílio da tecnologia, onde a empresa está tendo mais problemas”. Martins acrescentou ainda que a iniciativa vai ajudar a combater a indústria da judicialização das obras. “Necessidade de coisas desse tipo. É importante que os empresários entendam os benefícios desse 0800 direto com as empresas, que o setor abrace a ferramenta”.
Os interessados em conhecer melhor a ferramenta podem entrar em contato pelo email: atendimento@cbicservicos.com.br ou aguardar o lançamento oficial que esta previsto em março de 2020.
Reunião com a Caixa Econômica
O segundo bloco do encontro reuniu representantes da Caixa Econômica Federal para tratar sobre MCMV. O superintendente-executivo do banco, Alexandre Cordeiro, trouxe o cenário de pagamento para contratos financiados com recursos do FAR, dados sobre o orçamento do FGTS para novas contratações em 2020 e novos produtos que a instituição vai oferecer para o setor.
A reunião integra o projeto ‘Melhorias para o mercado imobiliário’ realizado pela CBIC e pelo Senai Nacional.