Debate sobre futuro da construção fecha painéis do Conecti CBIC 2019

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Agência CBIC

O Congresso Nacional de Engenharia, Construção, Tecnologia e Inovação (Conecti CBIC 2019) encerrou nesta sexta-feira (22), no Fashion Hall, em Maringá (PR), uma série de painéis que trataram do futuro do crédito imobiliário, da construção civil e das cidades, e da importância da ética para eficiência das empresas, além de uma palestra sobre os impactos da Reforma Tributária para o setor, entre outros.

O quarto e último painel do dia, com o tema ‘A Inovação e o Futuro da Construção’ reuniu Guga Stocco, um dos maiores especialistas em tecnologia financeira no Brasil e fundador da GR1D, e Luiz Henrique Ceotto, sócio sênior da Tecnoeng Consultoria e consultor da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O debate foi mediado pelo presidente do Sindicato da Construção Civil do Paraná Noroeste (Sinduscon-PR/Noroeste), Marcos Mauro. Confira mais detalhes abaixo e também a galeria de fotos do painel no Flickr.

Os temas dos painéis têm interface com os projetos da CBIC ‘O Futuro da Minha Cidade’ e ‘Ética e Compliance na Construção’, que são correalizados pelo Sesi Nacional, e ‘Melhorias do Mercado Imobiliário’ e ‘Tecnologia e Inovação na Indústria da Construção’, realizados em conjunto com o Senai Nacional.

O Conecti conta com a promoção e realização do Sinduscon-PR/Noroeste e da CBIC, com apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional). Participam do congresso  mais de 400 empresários e dirigentes de entidades do setor da construção oriundos de 19 estados e Distrito Federal.

O evento prosseguirá com a entrega do Prêmio Sinduscon, que completará dez anos, na noite desta sexta, com cerimônia a partir das 21 horas.

Mas não acaba por aí. O Conecti reserva para o sábado (23) visitas técnicas especiais. Será uma programação exclusiva para visitantes que participam do congresso. Ela contemplará apresentação da Certificação Leed Platinum, bem como visitas técnicas às obras da nova sede do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi) e do Eurogarden.

Confira tudo na Agência CBIC.

Setor da construção pede menos burocracia e mais tecnologia

Como inovar e ser mais produtivo no segundo setor menos digital? A indagação foi tema do painel ‘A Inovação e o Futuro da Construção’, o quarto e último da programação do Conecti CBIC 2019. Segundo Ceotto, burocracia excessiva e tributos altos são os principais entraves para o avanço do setor da construção civil no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) entre 2002 e 2006 – a mais recente sobre o assunto – apontou que a produtividade brasileira no setor era de um terço da americana, e que o prazo para a construção de um empreendimento era duas vezes e meia maior.

“Entre a vontade de empreender e a entrega final, vai de cinco a dez anos. Leva um tempo gigantesco para a aprovação de um projeto, e o setor da construção civil já se acostumou com prazos longos. Estamos em um ciclo vicioso. E o tempo é o único recurso que você nunca recupera. Prazos longos no ciclo de negócios refletem na redução da rentabilidade e aumento de custos e riscos”, afirma.

Ceotto destacou que o Brasil tem acesso à tecnologia para avançar no setor da construção civil, mas esbarra na alta tributação. Os impostos sobre serviços nas obras são de 5%, enquanto sobre produtos industrializados, com alta tecnologia, podem chegar a 25%.

Segundo Ceotto, as prioridades para o aumento da produtividade e avanço do setor são a redução do peso do Estado e da regulação, isonomia tributária e formas de poupança e financiamento para compra.

“Temos que falar com o governo, com o setor financeiro, apontar caminhos e ter visão de soluções de curto, médio e longo prazo. É claro que tecnologia é item chave, mas a mediocridade é fruto, acima de tudo, de falha de gestão estratégica. Estamos cometendo falha de gestão estratégica no setor da construção civil há mais de 50 anos, e precisamos rever essa situação”, ressaltou Ceotto.

Para Guga Stocco, o Brasil está atrasado em todos os setores em termos tecnológicos. “A tecnologia voou, os indivíduos não acompanharam, e as empresas menos ainda. Vivemos em um mundo com tecnologias do século 21, mindset (em inglês, configuração da mente) do século 20 e instituições do século 19. O mundo virtual está abraçando o mundo real. É preciso mudar o mindset das pessoas, porque os modelos de negócio mudaram”, destaca.

De acordo com ele, se uma empresa não inova e muda seu processo a cada seis meses, ela morre. “Empresas que aplicam o lifelong learning (em inglês, aprendizagem ao longo da vida), saem na frente de todo mundo. O aprendizado precisa fazer parte do dia a dia. Parou de aprender, ficou no passado”, conta.

Stocco afirmou que a humanidade vai evoluir mais na próxima década do que nos últimos 300 anos, e que as tecnologias, além de melhorar os processos como um todo, também reduzem custos. Para ele, o setor da construção civil terá que acompanhar e se adaptar ao novo perfil de consumidor.

“A tecnologia está avançando, e quando ela avança ela muda os mercados como um todo. E vai mudar o setor da construção de uma forma que vocês nunca imaginaram. Em vez de comprar um apartamento, as pessoas vão comprar um serviço. Não terão que se preocupar em decorar o apartamento, e o investidor vai ganhar também com os serviços que estarão atrelados no empreendimento”, ressalta.

Ele também citou grandes inovações como a Fundrise, uma plataforma de financiamento coletivo imobiliário, com sede em Washington, Estados Unidos.

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