Especialistas defendem valorização e inovação da engenharia para viabilizar projetos bem-sucedidos

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Agência CBIC

 

Para que os projetos no setor de construção aumentem seu percentual de sucesso, é preciso apostar na valorização dos conhecimentos consolidados da engenharia, no aprimoramento de todas as fases de planejamento e na aplicação de modernas ferramentas tecnológicas. Essa foi, em síntese, a principal contribuição do painel ‘Caminhos para Viabilizar Projetos Industriais: Planejamento e Inovação’, promovido pela Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), durante o 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (91º ENIC).

 

Confira a galeria de fotos do painel

 

O vice-presidente da área de Obras Industriais e Corporativas da CBIC, Ilso José de Oliveira, ao falar sobre a atuação da COIC, ressaltou o peso do segmento da construção civil na formação do PIB do país e os reflexos do sucesso dos projetos como multiplicadores para a economia. Para ele, o compartilhamento de informações entre as empresas do setor é de fundamental importância para a adoção de uma linha de formação de preços, que evite fracassos nas obras. Os temas apresentados têm interface com o projeto da CBIC ‘Fortalecimento das Empresas de Obras Industriais’, correalizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).

 

“Ultimamente, estamos considerando a engenharia como custo e não como investimento. Para que os projetos sejam bem-sucedidos, temos que voltar a valorizar a engenharia. Hoje 30% dos contratos são interrompidos e um mesmo projeto passa por três ou quatro contratadas. Por isso, temos que cuidar muito bem da fase formação de preços”, afirmou Oliveira.

 

Em seguida, o ex-diretor de projetos de Capital da Vale e presidente da GTEC Consultoria, Galib Abrahão Chaim, falou sobre a importância de se valorizar a engenharia para que os projetos sejam concluídos de forma satisfatória e não gerem colapsos posteriores. Ele apontou a pressão para a entrega rápida e a custos baixos como um dos motivos para os eventuais fracassos ocorridos nos últimos anos no Brasil e no mundo, que, segundo estudos, chegam a 70% nos casos de megaprojetos.

 

Para o especialista, que já atuou nas áreas de mineração, energia, logística, metalúrgica e petroquímica, um dos erros mais recorrentes da atualidade é a falta de análise de risco. Ele defendeu a retomada da qualificação dos quadros técnicos das empresas e o uso de ferramentas digitais que permitam trabalhar com modelos de desenvolvimento sequenciais.

 

“Vemos muitos projetos com indefinições e descontinuidades. O problema começa pelo desenvolvimento, passa pelo projeto conceitual inconsistente e com poucos dados e depois para a engenharia pouco detalhada. O resultado é um desastre total”, avaliou o palestrante.

 

“O mercado tem que ter mais sustentabilidade e buscar contratos equilibrados. Custo de engenharia passou a ser uma commodity. Vão ao mercado e contratam empresas de engenharia pelo menor preço. É um crime! Engenharia é inteligência e não algo que se compra no supermercado”, acrescentou Chaim, durante o painel.

 

O diretor operacional da Reta Engenharia, Marcus Cassini, que abordou o tema da ‘Eficácia na Formação de Preços’, criticou a postura adotada predominantemente no mercado da busca pelo menor preço a qualquer custo. Segundo ele, é preciso seguir determinados preceitos de qualidade que, aliados à necessidade de economicidade, levariam à busca pelo ‘melhor preço’.

 

O especialista defendeu a conciliação entre os três fatores mais cruciais para os contratantes, como escopo, prazo e custo baixo, com outros requisitos como respeito ao meio ambiente, segurança e qualidade. Assim, segundo ele, o custo real acarretaria empreendimento com sucesso mais garantido até depois da fase de operação.

 

O palestrante explicou que, além dos levantamentos de preços feitos pelas áreas de suprimentos, os responsáveis pelos projetos de construção têm que se assegurar de que consolidaram os requisitos técnicos. Segundo ele, sem esse grau de sofisticação, o resultado é baixa produtividade, perda de qualidade, estouro de prazos, mudanças de fornecedores e falta de inovação e soluções inteligentes para os contratos.

 

Durante o debate que sucedeu as palestras, os participantes apontaram as dificuldades práticas de aplicação dos conceitos e colocaram a necessidade de medidas concretas para se remover obstáculos para a adoção dos princípios propostos.

 

O sócio diretor da Summo Quartille, Maury Souza Júnior, reforçou a necessidade de integração entre as equipes. “Cada um quer olhar o seu quadrado. Negócio, engenharia e operação precisam estar juntos o tempo todo. Todo mundo que entra tem que ter senso de propriedade para saber o que vai entregar”, defendeu o debatedor.

 

Na segunda fase do painel, o diretor técnico da Dois A Engenharia, Antônio Medeiros de Oliveira, falou sobre a adoção de práticas inovadoras no setor da construção, enfatizando as soluções criativas não necessariamente atreladas à criação de novos produtos, mas que podem representar melhorias nos processos produtivos com benefícios significativos.

 

Ele apresentou o case da construção do complexo eólico de Cutia e Santo Miguel, no Rio Grande do Norte, cujo trabalho de terraplenagem, construção das fundações, das vias de acesso e das torres de energia exigiu uma série de adaptações. Uma fábrica de torres de concreto foi construída, e os ganhos de produtividade foram alcançados durante a produção. “Houve uma busca de melhorias no processo contínuo na forma de concretar as torres, por exemplo. A inovação está no dia a dia”, disse o palestrante.

 

O 91º ENIC é realizado que é uma correalização do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio) e Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro(Seconci-Rio).

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