Agência CBIC
Essa foi uma das questões abordadas pelo economista Gilmar Mendes Lourenço durante reunião com os associados do Sinduscon-PR, no dia 1º de abril. O evento, que reuniu mais de 100 empresários da indústria da construção paranaense, contou ainda com a presença do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, como debatedor, e da editora de economia do Jornal Gazeta do Povo, Fabiane Menezes, como mediadora.
Na visão do economista, para evitar o retorno da recessão o País precisa focar em três pilares importantes. “Precisamos recuperar a funcionalidade e equilíbrio financeiro dos estados brasileiros em médio e longo prazos; promover a microeconomia, devolvendo a capacidade competitiva para as nossas empresas e criar mecanismos capazes de restaurar o ambiente favorável para a realização de negócios no Brasil”, destaca.
Lourenço fez uma explanação sobre o período de recessão e estagnação enfrentado pelo País nos últimos anos, apontando a performance do PIB nacional, o elevado número de desempregados e o endividamento das famílias.
“Mas também temos de reconhecer algumas conquistas produzidas após o governo da presidente Dilma Rousseff, que estão relacionadas primeiramente com o cenário internacional, que continua se recuperando”, diz, citando que a economia mundial vem avançando desde 2011, completando quase uma década de crescimento ininterrupto.
“Na pior das hipóteses, a economia internacional vai sofrer no segundo semestre de 2019 ou em 2020 um processo de desaceleração do ritmo de crescimento. Mas crise e recessão podem ser riscados do mapa econômico global nos próximos anos, a julgar pelos acontecimentos recentes”, frisa.
Outras conquistas recentes no Brasil estão ligadas ao mercado doméstico, pois a economia brasileira vem apresentando uma branda recuperação, reflexo também do cenário internacional. “Com a desvalorização do câmbio ocorrida nos últimos anos no Brasil, nós tivemos uma recuperação das exportações. No começo de abril o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio divulgou que o Brasil registrou exportações próximas de U$ 240 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses (até o mês março deste ano), patamar registrado em 2013, antes da crise ser deflagrada aqui no País”, diz.
Lourenço ressalta que uma das conquistas mais importantes registrada ainda no governo anterior foi a queda da inflação, que no final de 2015 estava em 10,7% e atualmente está abaixo de 4%. “Com isso os juros caíram de 14% em outubro de 2016 para 6,5% em maio do ano passado”, acrescenta.
Houve ainda alguns avanços estruturais importantes, como a flexibilização da legislação trabalhista, que a recessão ainda não deixou ser testada; a revisão das normas e concessões de obras e serviços públicos; a aprovação da lei de terceirizações; a fixação do teto constitucional para a evolução dos dispêndios públicos; a adoção da lei de responsabilidade das empresas estatais (o que foi muito importante para a recuperação da saúde financeira especialmente da Petrobras), e a instituição do marco regulatório do petróleo. “Agora é determinante avançar com as reformas estruturantes, como a Tributária e da Previdência”, reforça.
Saída para o Brasil passa pela indústria da construção
José Carlos Martins, presidente da CBIC, aborda cenário macroeconômico e as perspectivas para a indústria da construção (Fotógrafo Valterci Santos)
Na avaliação do presidente da CBIC, José Carlos Martins, só é possível sair de um cenário de recessão com investimento. “Ocorre que o poder público perdeu completamente sua capacidade de investir e que a principal fonte de financiamento dos investimentos em um novo ciclo de crescimento deverá vir prioritariamente do setor privado. Quer dizer, a saída para o Brasil passa necessariamente pelo nosso setor”, reforça.
Ele destacou que a construção participa com 4,8% do PIB nacional (2017 – IBGE), representa 22,4% do PIB industrial (2017 – IBGE) e 52,2% da composição dos investimentos nacionais (FBCF).
Há cinco anos (2014), os números do setor eram melhores (6,2% do PIB Nacional). Para este ano, a previsão de crescimento está condicionada a investimentos em infraestrutura, manutenção do ritmo de contratação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e oferta de crédito.
Neste contexto, a aprovação da Reforma da Previdência é essencial, segundo Martins. “A Reforma é imprescindível para que o poder público possa sanear as contas públicas e, desta forma, possa haver previsibilidade no investimento privado no País”, salienta.
Sobre o Programa Minha Casa Minha Vida, o presidente da CBIC informa que não há perspectiva de solução rápida ou melhora quanto à questão dos pagamentos, que ainda não foram regularizados.
CBIC apresenta nova plataforma de serviços
O encontro contou também com exposição sobre a nova plataforma de serviços que está sendo desenvolvida pela CBIC. O sistema visa conectar empresas da construção civil com soluções em seguros, benefícios e outros serviços financeiros, de forma especializada e digital.
Atualmente, os serviços já disponíveis na plataforma são:
– Riscos de engenharia
– Garantia recursal
– Garantia licitante
– Garantia executor
– Responsabilidade civil e profissional
– Consultoria em seguros
A plataforma oferece as informações sobre cada opção, e os empresários podem solicitar as cotações. Além de seguros, a ferramenta também oferecerá soluções como contratação de produtos, serviços financeiros, tíquete refeição, cesta básica, entre outros.
Veja as fotografias da Reunião dos Associados do Sinduscon-DF no Flickr da CBIC.