Eric Zambon
Jornal de Brasília
Os preços mais baixos dos imóveis residenciais no DF fizeram com que as vendas voltassem a crescer nos últimos meses. Isso reduziu o estoque de unidades a 5,4 mil, um dos menores números da história, segundo a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), mas, em contrapartida, atiçou o setor de construção civil, que já se movimenta para atender a demanda.
Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), o Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) para unidades residenciais teve média de 6,25% nos primeiros sete meses do ano, sendo que a média habitual costuma ficar abaixo dos 5%. Na prática, isso significa que a cada 100 imóveis ofertados por mês, pelo menos seis foram vendidos. O ápice aconteceu em junho, quando a cada 100 unidades, oito foram comercializadas.
A lei da oferta e da procura conduziu o mercado até atingir o novo patamar de liquidez. O preço do metro quadrado, em geral, no DF caiu no mínimo 20% nos últimos dois anos, chegando a uma média absoluta de R$ 6 mil. Para atender a demanda, a indústria da construção civil tem tentado uma retomada, ainda de maneira tímida.
O presidente do braço local da Federação das Indústrias (Fibra), Jamal Jorge Bittar, diz ainda não ter dados consolidados sobre o último trimestre – devem ser divulgados na próxima semana -, mas afirma que o aumento no número de contratações ao longo do ano, pelo setor de construção civil, é um indicativo de aquecimento do mercado. “Esse setor não depende de sazonalidade. Imóvel não é presente de Natal para comprar no Natal. Então, se estão contratando, é porque há demanda”, diz, categórico.
Conforme a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), da Companhia de Planejamento (Codeplan), dois mil trabalhadores da construção civil ganharam emprego no último mês, um aumento de 3,5% em relação a julho. A maior alta em 2017 foi registrada em junho, com variação positiva de trabalhadores empregados de 6,8%, em comparação ao mês anterior. “O estoque de imóveis está diminuindo e isso é sinal de que há negócios acontecendo. A indústria quer entender esse momento como algo consistente e, com o tempo, teremos a dimensão. Não me parece pontual, mas uma retomada cuidadosa”, projeta Bittar.
O otimismo do industrial, no entanto, vai de encontro às previsões da Ademi sobre o futuro. Para a associação, a demanda deve superar a oferta em breve.
n
“Ainda não existe uma retomada”, sentencia o presidente da Ademi, Paulo Muniz. Para ele, um grupo de empresários tem projetos aprovados e em andamento, mas a falta de liberação dos licenciamentos junto ao Governo de Brasília, em especial alvarás, prejudica o reaquecimento pleno.
Ele lembra que o estoque atual de 5,4 mil unidades é um dos menores números já registrados. A média histórica é de nove mil e o pico foi constatado em 2013, quando chegou a existir 18 mil unidades à disposição. “Para quem tem interesse em adquirir, o momento é agora. Não há grandes lançamentos, foram apenas seis ou sete esse ano, e com número baixo de unidades”, Muniz faz a ressalva.
Segundo ele, uma construção leva, em média, seis meses entre a aprovação do projeto, o erguimento e a entrega, portanto, mesmo que a indústria esteja se mobilizando para suprir a demanda crescente, será difícil acompanhar. “É o terceiro ano que a velocidade de vendas cresce acima do esperado. Pode chegar a um ponto que as pessoas vão querer os imóveis e vai haver poucos, então os preços subirão”, projeta.
Assim, a corrida da indústria para acompanhar promete apimentar o sistema de compra e venda de imóveis. Por enquanto, os preços reduzidos, inclusive para alugar, tornam as aquisições algo atrativo, mas, como sempre, o negócio imobiliário tende a ser imprevisível.
Saiba mais
• O Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) dos imóveis residenciais em 2015 teve média de 4% e pulou para 5,15% em 2016. Está agora em 6,25%. Os dados são do Sindicato das Indústrias de Construção (Sinduscon).
• O preço médio do metro quadrado residencial e comercial está em R$ 6 mil, em uma conta absoluta, mas os valores variam entre R$ 2 mil e R$ 10 mil, conforme a Fibra. Áreas mais nobres como o Sudoeste e Noroeste seguem valorizadas.
Foto: Kléber Lima