Construção ainda em dificuldade – Correio Braziliense

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Correio Braziliense

O fim da recessão econômica só será percebido pela construção civil em 2018, tal o baque que provocou nas empresas do setor. Apenas em 2017, houve redução de atividades da ordem de 6%, fechamento de milhares de postos de trabalho e recuperação judicial de companhias devido ao uso significativo do distrato contratual por investidores em imóveis. Apesar dos obstáculos, a crise serviu para o segmento buscar novas soluções. Assim, está otimista e confiante com a retomada do crescimento econômico.

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As informações são do vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Adalberto Valadão. Segundo ele, a construção civil tem participação de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) e, entre 2012 — quando começou a sentir a crise — e 2017, sofreu uma redução nas atividades estimada em 22%. Um tombo e tanto. Não por acaso, a economia como um todo afundou.
 
"Sempre dissemos no setor que somos os primeiros a sentir e a entrar na crise e também os primeiros a sair dela, mas, desta vez, não foi assim. A gente imagina que vai, de fato, sair agora em 2018, depois de outros segmentos", diz Valadão. Para a CBIC, as ações realizadas pelo governo, tais como o teto de gastos, a reforma trabalhista, a terceirização e a redução da inflação e dos juros, estão criando a melhoria do ambiente de negócios desejado pelo empresariado.
 
Insegurança jurídica
 
Na opinião do vice-presidente da CBIC, para qualificar esse ambiente de negócios falta ainda a reforma da Previdência. "É diferente um parlamentar dizer às bases eleitorais que votou pela reforma e favoreceu o crescimento da economia do que dizer que foi contra em defesa de sabe-se lá o quê. Melhor dizer que foi em prol de a economia crescer", afirma.
 
O setor da construção civil é subdividido em incorporação imobiliária e obras públicas de infraestrutura. Com o corte do governo em investimentos, houve significativa retração na execução de obras públicas. Além disso, a Caixa Econômica Federal, responsável por 70% do crédito imobiliário, parou com os financiamentos para resolver seus problemas financeiros, e o setor sentiu o resultado no todo: a perda de 1 milhão de trabalhadores.
 
A CBIC tem conversado com o governo e o Congresso Nacional em busca de solução para um problema que tem levado incorporadoras imobiliárias à recuperação judicial: os distratos contratuais. De acordo com o vice-presidente da entidade, "chegou-se a ter entre 40% e 50% de distratos, especialmente de investidores que perceberam perda de valor no imóvel e correram para reaver seus investimentos", ressalta. "A Lei 4.591/64 dá guarida, mas tem sido um instrumento de insegurança jurídica para o setor", frisa.
 
Também estão sendo mantidas conversas sobre licenciamento ambiental, papelama inserida na burocracia e que representa 12% do valor dos imóveis. Considera-se que, em Brasília, esse custo esteja em torno de 20% e com imensa dificuldade para a aprovação dos projetos.
 
E, se época de crise costuma ser considerada fértil para novas soluções, é o que a Câmara da Construção tem buscado para retomar investimentos, por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs) voltadas às empresas de médio e pequeno portes e dos municípios.
 
Juros baixos
 
O motor da incorporação imobiliária é o crédito, especialmente com juros baixos. O patamar atual da taxa Selic, de 7% ao ano, é considerado bastante razoável pelo setor. Para o vice-presidente da CBIC, Adalberto Valadão, falta aos bancos compreenderem que "de fato a Selic é 7%, porque os financiamentos não são de 7%".
 
"Sempre dissemos no setor que somos os primeiros a sentir e a entrar na crise e também os primeiros a sair dela, mas, desta vez, não foi assim. A gente imagina que vai, de fato, sair agora em 2018, depois de outros segmentos"

Adalberto Valadão, vice-presidente da CBIC

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