CEF anuncia corte de linha de crédito, mas recua – Jornal de Brasília

João Paulo Mariano
Jornal de Brasília

A Caixa Econômica Federal (CEF) voltou atrás e não vai mais seguir com o cancelamento da linha de crédito imobiliário conhecida como pró-cotista, que utiliza os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS. Ela é a segunda forma mais barata para financiamento imobiliário, perdendo apenas para o Minha Casa, Minha Vida. Empresários do setor imobiliário da capital afirmam que a nova decisão é importante para que o mercado continue a crescer e ultrapasse o período de dificuldades dos últimos anos, em que poucos imóveis novos foram liberados.

O anúncio foi feito ontem à tarde. Por meio de nota oficial, o banco anunciou que conseguiu junto ao Ministério das Cidades um remanejamento de recursos do FGTS para a linha pró-cotista no valor de R$ 2,54 bilhões. A consolidação da transferência do aporte ainda é finalizada, mas a Caixa já autorizou que suas agências recebam novas propostas desse financiamento a partir de hoje.

No fim da última semana, a CEF havia anunciado a suspensão da linha que permite financiar imóveis de até R$ 950 mil, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e de até R$ 800 mil para Brasília e demais unidades da Federação. Sem explicar o motivo da dificuldade de continuar com os financiamentos, a instituição avisou que os recursos disponíveis seriam suficientes só para as propostas já recebidas. A avaliação do mercado não foi nada boa.

O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Paulo Muniz, recebeu o cancelamento com estranheza pois conversou com um integrante da diretoria da Caixa, na semana passada, e nada havia sido sinalizado para eles. Paulo afirma que o mercado imobiliário de Brasília iria ser muito prejudicado, em especial, as vendas de cidades como Águas Claras e Plano Piloto.

Muniz comemora o retorno: “Essa linha de crédito é um artifício interessante para todas as pessoas do mercado. O mercado do DF está em um momento crescente. Seu fim iria atrapalhar muito”.

Mercado mais aquecido

O presidente da Ademi-DF lembra que os brasilienses continuam interessados no sonho da casa própria. Em janeiro deste ano, cerca de 245 mil novos CPFs distintos fizeram simulação do financiamento de um imóvel no site da Caixa, a maior financiadora do Brasil. Grande parte dessas pessoas com renda acima de R$ 4 mil. “Até pela dificuldade que tivemos de aprovar projetos no passado junto ao governo e a crise do país, essa procura mostra a grande demanda existente no DF”, complementa.

Paulo revela que o dado mais recente do índice de velocidade de venda do mercado de Brasília foi o melhor desde janeiro de 2015. O índice atingiu 7,8%, o que significa que de 100 imóveis ofertados, cerca de 7,8 deles foram vendidos. A média dos últimos anos era de apenas 5%. Um fato para comemorar.

Para o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Distrito Federal (Creci-DF), Hermes Alcântara, o crédito da pró-cotista fará que o segmento imobiliário tenha mais possibilidades de crescimento. Alcântara explica que, no DF, a linha de crédito causa um efeito dominó: se alguém tem um apartamento de R$ 400 mil e quer um de R$ 800 mil, pode utilizar o crédito para fazer a aquisição mais cara. Dessa forma, vai liberar o apartamento mais barato. Assim, uma outra pessoa pode comprar o imóvel vazio. E, assim, deixar livre um local mais barato. Os compradores fazem o capital girar com a compra de locais maiores. O mercado permanece aquecido.

Saiba mais

As taxas de juros nessa faixa de preço, para quem tem FGTS é de 8,61% ao ano, mesmo não correntista da CEF. Mais barato que outras linhas que ultrapassam esse valor.

– A causa para o cancelamento da linha de crédito se ligaria ao saque dos valores das contas inativas do FGTS que foi autorizado pelo Governo Federal em dezembro de 2016.

– Apesar das dificuldades, os especialista garantem que essa é uma boa hora para comprar um imóvel pois os preços caíram porque a procura não está tão grande, assim o jeito é diminuir os preços. Porém, isso não deve durar muito tempo, apenas até o fim deste ano.