Jornal Estadão
Depois de uma prolongada crise, a indústria da construção civil começa a se reativar, embora a um ritmo ainda lento. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de atividade do setor cresceu 4,2 pontos em março, em relação a fevereiro, indo para 44,5 pontos. Este foi o terceiro avanço consecutivo do indicador em 2017, mas ele está abaixo dos 50 pontos, o que significa retração.
Segundo a pesquisa, a construção civil operou em março com 56% de sua capacidade total, o que representa 1 ponto porcentual abaixo do índice de março de 2016 e 8 pontos porcentuais em relação à média histórica para o mês.
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Esse quadro reflete uma demanda interna insuficiente, apontada por 44,2% dos empresários ouvidos como o principal problema do setor de construção. Além disso, como destacaram 35% dos entrevistados, a queda da taxa básica de juros ainda não foi sentida na prática. Como os empresários em geral têm-se queixado, as taxas de juros de mercado permanecem altas e é ainda muito restrito o acesso ao crédito. Outro problema é a inadimplência dos clientes, como mencionam 30,7% dos empresários, gerando dificuldades de capital de giro.
Há, porém, expectativa de melhora apreciável dos negócios a partir de abril. A expectativa para o nível de atividade em abril aumentou 1,3 ponto sobre março e atingiu 50,4 pontos, mostrando a mesma tendência os índices de expectativas para compra de insumos e matérias-primas e para o número de empregados. “Houve uma retomada da confiança”, diz a nota da CNI.
Embora seja ainda insatisfatória, a condição financeira dos negócios é menos crítica do que há um ano. O índice de situação financeira subiu para 35,1 pontos no primeiro trimestre, 1,8 ponto acima de igual período de 2016. Quanto às intenções de investimento, cresceram 2,3 pontos em abril, ante março, chegando a 28,9 pontos, um patamar ainda muito baixo. É compreensível que haja menos propensão a investir numa fase em que o setor busca sobretudo recuperar o terreno perdido.