Balanço mostra investimentos cada vez menores em obras públicas – G1

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Giovana Teles
G1

Um balanço da ong Contas Abertas mostra que o governo tem investido menos que o esperado em obras públicas e isso causa muitos problemas para a sociedade. O aumento dos casos de dengue, zika e febre chicungunya são, em grande parte, o resultado de falta de dinheiro para o saneamento básico.

O investimento do PAC em todas as áreas, desde que começou, em 2007, é de R$ 2,6 trilhões, mas olhando de onde saiu o dinheiro e em que foi aplicado, a gente percebe que a infraestrutura mesmo, que é a base para o crescimento da economia, ficou em segundo plano.

Quase 40% do valor são de financiamentos habitacionais e do Minha Casa, Minha Vida. Em seguida, vêm os recursos de estatais, de empresas privadas e em penúltimo lugar, os investimentos diretos do Governo Federal. Tirando toda essa parte da habitação, o que funcionou bem foram as áreas onde houve concessões, por exemplo: rodovias e aeroportos. Na lanterna vem o saneamento básico.

Esgoto que mais parece um riacho. Junto das casas, para passar de um lado pro outro, os moradores têm que improvisar. Foi o que nossa equipe encontrou no bairro Lagoa do Náutico, em Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco. A prefeitura da cidade diz que é obra do PAC, que pediu, desde no ano passado, R$ 4,5 milhões para fazer projetos de melhorias em 37 canais na cidade, mas afirma que não recebeu nada até agora.

São cerca de 40 mil pessoas que enfrentam todos os dias mau cheiro e convivem com o risco de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Pelos dados da ONG Contas Abertas dos R$ 62 bilhões inicialmente previstos, em 2007, para investir em saneamento, até 2014, as obras concluídas somaram, 4 bilhões e 220 milhões de reais, menos de 7% do total.

Por outro lado, o valor aplicado nas ações de habitação, incluídos os recursos do Minha Casa Minha Vida e os financiamentos em geral, foi 173% maior que a previsão inicial.

Também tiveram fraco desempenho, os investimentos em ferrovias, portos e geração de energia elétrica. O Governo Federal, que aplicou quase R$ 60 bilhões no PAC, em 2014, neste ano deve investir R$ 26 bilhões.

"É esse o grande problema, o dilema que o Brasil vive hoje. A falta de capacidade do setor público de investimento, principalmente numa área que nem saneamento. Por isso que a CBIC defende muito as modalidades de concessões e parecerias público privada, onde você pode trazer capitais de fora para fazer o investimento necessário", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).

A assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento não esclareceu os motivos do fraco desempenho do PAC nas obras de saneamento. Disse que não podia falar sobre dados de um levantamento que não conhece e que em valores globais, o PAC executou sempre mais de 80% do que estava previsto.

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