Agência Brasília
Na área do antigo Lixão da Estrutural, o movimento de carretas não para. Transformado na Unidade de Recebimento de Entulhos (URE), desde a inauguração do novo Aterro Sanitário de Brasília, em 2017, o local recebe diariamente milhares de toneladas de restos da construção civil, e também podas e galhos de árvores e todo esse material é transformado em insumos que podem ser utilizados em obras, especialmente pavimentação de vias.
No primeiro semestre deste ano foram 102 mil toneladas de resíduos reciclados e doados para 12 regiões administrativas do DF, além de outros dois órgãos do GDF: o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri).
Na região do Itapoã, por exemplo, a brita recebida ajudou a melhorar a trafegabilidade das vias de acesso da BR-330, na zona rural. O material também foi utilizado na pavimentação de um estacionamento público ao lado do condomínio Novo Horizonte.
“É um material que está nos ajudando bastante em pequenas intervenções na nossa região. Havíamos construído um estacionamento público no comércio, mas muitos caminhões e ônibus escolares estavam utilizando o local com frequência, impedindo o uso pelos moradores. Com a brita que recebemos, construímos um novo espaço só para uso dos grandes veículos. Também utilizamos na zona rural, para a gente viabilizar o trânsito, tampando as crateras que a chuva faz nas estradas. Tem sido de grande ajuda”, conta o administrador Marcus Vinícius.
Mesmo neste período de pandemia, a quantidade de resíduos recebidos e processados não diminuiu na URE. Ao contrário, aumentou. Em janeiro deste ano, foram 126 mil toneladas recebidas e 17 mil toneladas recicladas. Em junho, foram 145 mil toneladas recebidas e 27 mil toneladas recicladas.
De acordo com o Analista de Gestão de Resíduos Sólidos do SLU que trabalha na URE, Allan Adjuto, a quantidade reciclada representa cerca de 14,3% da quantidade total recebida na unidade.
“O índice ainda é baixo, especialmente porque recebemos muitos resíduos misturados de construção civil, o que dificulta a triagem. Mas, estamos trabalhando para tentar melhorar esses índices, incentivando a entrega de materiais segregados”, explica.
Na unidade, o material que chega é depositado em um grande britador instalado no local, que quebra os resíduos e despeja em uma esteira. Na esteira, o produto gerado é separado em diferentes granulometrias, produzindo cinco tipos de materiais: pó/areia, brita 1, brita 2, rachão e agregado misto.
A doação desse material é regulamentada pela Instrução Normativa nº 01/2020, do SLU. De acordo com a legislação vigente, a doação só é permitida para atendimento de interesse público, vedada utilização para fins comerciais. A solicitação deve ser feita via Sistema Eletrônico de Informações (SEI), seguindo os trâmites da norma regulamentadora.
Quem pode descartar material na URE?
A URE recebe apenas podas e galhadas e resíduos da construção civil, descartados por empresas transportadoras. Essas empresas são cadastradas no site do SLU, pagam pelo serviço de disposição e são obrigadas a emitir o CTR (controle de transporte de resíduos) para cada viagem, documento controlado eletronicamente pelo SLU para evitar o descarte clandestino.
Todos os transportadores de resíduos da construção civil e volumosos pagam pelo descarte na URE. Atualmente o SLU atende a decisão liminar do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), que define como medida cautelar a cobrança de preço único de R$ 10,92 por tonelada recebida.
*Com informações do SLU