CBIC comemora Dia Internacional da Mulher na Engenharia

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Agência CBIC

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção celebra nesta terça-feira (23) o Dia Internacional da Mulher Engenheira. A data, criada pela Women’s Engineering Society (WES) do Reino Unido, visa fortalecer o espaço das engenheiras na profissão, antes majoritariamente ocupado por homens.

Para comemorar o dia, o CBIC Hoje+ ouviu engenheiras civis e de segurança e saúde no trabalho para conhecer suas opiniões sobre o papel da mulher na engenharia e seus desafios, a importância da representatividade feminina na engenharia brasileira e sobre como a mulher engenheira é vista no mercado predominantemente masculino.

Os últimos dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério da Economia, de 2018, revelam que, no conjunto das engenharias, há cerca de 40 mil mulheres, sendo mais de 14 mil engenheiras civis (35%).

Apesar disso, as engenheiras apontam a área como um universo ainda muito masculino e ressaltam a necessidade de serem mais, em números, e de não serem vistas como um elemento frágil.

“A necessidade de enfrentar um mercado predominante masculino e, por muitas vezes, machista, faz a mulher engenheira ser resiliente, corajosa e a buscar sempre por qualificação. Com isso, ela é ponto de força nas organizações e está preparada para qualquer desafio”, destaca a engenheira civil Carla Passos, gerente de SGI na Gráfico Empreendimentos de Salvador/BA.

A vice-presidente da Área de Sustentabilidade Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), engenheira civil Paula Frota, frisa que “a mulher hoje na engenharia civil já ocupa seu lugar, conquistado pelo trabalho e dedicação ao setor da construção civil, mas que é preciso estar sempre atualizada com o mercado, com novas técnicas e aliada à sustentabilidade para estar preparada para os desafios e avançar cada vez mais com representatividade no setor”.

Papel da mulher na Engenharia e seus desafios

Na avaliação da engenheira civil Laura Marcelini, há 31 anos atuando no mercado da construção e diretora técnica da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), “a mulher tem o papel de agregar competências, características do feminino, como a conciliação, trabalho em equipe, dedicação aos detalhes, e o desafio de mostrar que tem capacidades agregadoras e de ser respeitada e valorizada por isso”.

A engenheira de Segurança e Saúde no Trabalho, Juliana Moreira de Oliveira, 18 anos na área, reforça que a mulher vem para quebrar barreiras na engenharia, um universo ainda muito masculino. “Grande parte dos trabalhadores nos canteiros de obras da construção civil é homem, machista, e tem dificuldade em ser subordinado às mulheres”, diz.

Importância da representatividade feminina na Engenharia brasileira

“Na engenharia, a representatividade feminina ainda é pequena. Não sei se por falta de oportunidade ou de incentivo, principalmente no Nordeste do Brasil, onde as famílias apoiam cursos mais femininos, como o da arquitetura”, avalia a engenheira civil Larissa Dantas Gentile, presidente da Companhia Potiguar de Gás (Potigás) e formada em 1993. Na indústria de Petróleo e Gás, segundo ela, o último levantamento indica que a representatividade é de 23%.

A engenheira civil Denise Soares, gestora da Comissão de Infraestrutura da CBIC, reforça que “a representatividade da mulher na engenharia brasileira ainda é muito tímida, grande exemplo disso é que na diretoria da entidade nacional da construção existem poucas mulheres na engenharia. Dos inúmeros sindicatos e associações no Brasil afora podemos ver um percentual completamente insignificante. A mulher é um grande exemplo do que é o profissional do momento, o nexialista, porque ela tem uma visão de como funcionam as engrenagens e consegue fazer o nexo entre o conhecimento e a solução”.

Ao mesmo tempo, Paula Frota corrobora que a participação da mulher na engenharia brasileira é de vital importância, por sua determinação, talento e visão, que permite aliar a técnica com o detalhe e inspiração em cada trabalho fazendo a diferença.

Como a mulher engenheira é vista no mercado predominantemente masculino

Para Larissa Dantas, que há quase dois anos mudou da área de construção civil para a de petróleo e gás, ainda há um certo preconceito quando a outra pessoa não conhece a sua trajetória profissional e capacitação.

“Em evento dos presidentes das Distribuidoras de Gás Canalizado do Brasil, um palestrante norueguês disse que eu deveria ser a melhor de todos. Para você ser mulher e estar aqui, você tem que ser melhor que todos”, comentou, refletindo que a mulher engenheira ainda é vista como sexo frágil.

“Muito já evoluiu nas últimas décadas, mas acho que ainda há preconceito e falta de entendimento do quanto podemos agregar para unirmos esforços lado a lado. Ainda há os que duvidam da competência das mulheres, por lhes compararem com as mesmas “réguas” que usam para si mesmos. Precisam evoluir, pensar fora da caixa e enxergar mais longe para entender o quanto é importante a união de diferentes competências e acima de tudo respeitar as mulheres”, enfatiza Laura Marcelini.

“A mulher brasileira está conquistando o seu espaço na engenharia, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido, que é o de lutar pelas suas conquistas, ao invés de esperar reconhecimento externo”, conclui Denise Soares.

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