Agatha Gonzaga
Correio Braziliense
Mesmo há dois meses em estado de calamidade pública da saúde, em função da pandemia do novo coronavírus, o Governo do Distrito Federal optou por não interromper o calendário de obras da capital. O setor é a aposta para reaquecer a economia após o período de isolamento.
De acordo com o secretário de Obras, Luciano Carvalho, as mais de 200 obras em andamento no DF são essenciais para a recuperação das cidades. “Recebemos Brasília numa situação de quase abandono e não podemos perder tempo responsabilizando esse ou aquele. Temos que fazer acontecer”, afirmou. “O comércio foi muito afetado com a quarentena. É importante ressaltar, no entanto, que as medidas adotadas foram necessárias para preservar a vida das pessoas. A construção civil é uma atividade que gera muitos empregos diretos e indiretos. Com a manutenção das obras, esperamos fortalecer o comércio e, consequentemente, resgatar empregos”, completou.
Segundo a Secretaria de Economia, o orçamento de 2020 destina R$ 1,5 bilhão para a execução de obras e instalações. Até o momento, já foram liquidados R$ 67.667.410, e outros R$ 335.183.082 estão empenhados para a execução das obras gerenciadas pela Secretaria de Obras e Infraestrutura, pelo Departamento de Estradas e Rodagem (DER) e pela Novacap, além de outros órgãos.
Para o especialista em finanças públicas, o economista Roberto Piscitelli, é pouco provável que o planejamento de obras respeite o cronograma estabelecido diante da situação de pandemia. Segundo ele, é preciso dar foco às obras emergenciais, como as de saúde pública, que buscam combater o coronavírus, e replanejar as demais para um momento pós-recessão econômica.
“A gente sabe que é improvável manter o calendário de obras, sendo que nem sabemos quando a pandemia vai acabar. Existe uma crise financeira, não só no DF, mas no Brasil. Precisamos ver o que é prioritário, até porque não temos mais os recursos que teríamos antes. Com queda na arrecadação e gastos extras em decorrência do vírus, é importante manter a disposição de se retomar as obras, mas mais adiante, após a normalização da atividade econômica”, avalia.
Com orçamento já aplicado e com previsão para ser concluída ainda neste ano, uma das obras é a da Praça da Juventude, na quadra 378 do Itapoã. Ao custo de R$ 2,2 milhões e com financiamento da Caixa Econômica Federal, o projeto de uma área de 6 mil m² equipada com atividades esportivas foi lançado em 2007, e as obras retomadas em junho de 2019.
Há ainda a revitalização da W3 Sul, promessa de campanha do governador Ibaneis Rocha (MDB). Parte dela, as quadras 511/512, já foram revitalizadas com um investimento de R$ 1,8 milhão. Agora, o GDF repara as quadras 509/510, ao custo de R$ 2,3 milhões, e concluiu, em 30 de abril, a licitação para as obras das quadras 513/514. A previsão é de que a reforma seja iniciada até junho. O restante da avenida também será reparada. Segundo a Secretaria de Obras, a estimativa é de que toda a W3 seja revitalizada até o fim deste ano.
Em Vicente Pires, as obras tiveram início em 2019 e, até o momento, segundo a pasta, parte do asfaltamento, do sistema de drenagem e a criação de lagoas de detenção previstas no projeto estão concluídas. A previsão é de que toda a obra proposta para o ano de 2020 seja concluída dentro do prazo.
O ano ainda deve ser encerrado com a via de ligação do Setor de Inflamáveis concluída. Orçado em R$ 10,1 milhões, o projeto prevê a continuidade das vias já existentes — IN-1 e IN-2— , seguindo paralelamente à via férrea até o Conjunto Lúcio Costa, onde se incorporam à via marginal da Estrada Parque Taguatinga (EPTG). As obras serão iniciadas em outubro deste ano.
Próximos anos
Um dos maiores investimentos, o Túnel de Taguatinga só deve ficar pronto em 2022. Neste mês, o consórcio Novo Túnel deu início às obras de desvios de trânsito que são necessárias para a construção da via subterrânea. A previsão é de que estejam prontos até o próximo mês, e comecem a funcionar no dia 15 junho. Ainda em junho, terão início as obras de escavação. O investimento é de R$ 275 milhões, que também serão financiados pela Caixa Econômica Federal.
Também estão sendo feitos reparos no Setor Habitacional Bernardo Sayão, no Guará. No lote 2, as obras de drenagem e pavimentação alcançaram 42% de execução. Os serviços começaram em 2017, e a previsão é de que sejam concluídos em 2021. O orçamento para esta obra é de R$ 56 milhões.
A construção de viaduto na Estrada Setor Policial Militar (ESPM), no trecho localizado na altura do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar até o Terminal da Asa Sul (TAS), deve começar nos próximos dias. A empresa contratada também vai executar serviços de pavimentação, drenagem e sinalização. O investimento será de R$ 7.667.020,57 e a previsão para entrega é de 12 meses.
Emendas parlamentares
Entre as obras menores, como construções de escolas, creches, estacionamentos e centros esportivos, a maioria é custeada por emendas parlamentares. Até este mês, os distritais destinaram cerca de 80 emendas para construção — investimento de aproximadamente R$ 65.176.272,00. Para reformas, foram cerca de 52 emendas, que totalizam R$ 34.053.636,00.
As sete novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), anunciadas pelo governo no início do ano, também serão financiadas com recursos parlamentares. Em março, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) assinou os contratos com três empresas responsáveis pela construção das unidades nas regiões de Brazlândia, Paranoá, Gama, Ceilândia, Vicente Pires, Riacho Fundo 2 e Planaltina. O valor total do investimento é de R$ 28,1 milhões. A previsão é de que a partir de maio, seja inaugurada uma por mês.
Concluídas
– Revitalização da W3 Sul (quadras 511/512): R$ 1,8 milhão
– Viaduto da EPTG: R$ 5,1 milhões
Em andamento
– Vicente Pires: R$ 520 milhões;
– Revitalização da W3 Sul (quadras 509/510): R$ 2,3 milhões
– Via de ligação do Setor de Inflamáveis: R$ 10,1 milhões
– Bernardo Sayão: R$ 56 milhões
– Praça da Juventude do Itapoã: R$2,2 milhões
– Túnel de Taguatinga: R$ 275 milhões
– Viaduto da ESPM: R$ 7,6 milhões
Obras com emendas parlamentares
– Construção: R$ 65.176.272
– Reformas: R$ 34.053.636