Fórum Integridade: compra e venda, LGPD e perspectivas econômicas marcam encerramento do evento

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Mia Andrade
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF

O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) promoveu no dia 5 de outubro, por meio do Conselho de Ética da entidade, o evento Fórum Integridade no Mercado Real Estate, reunindo mais de 150 pessoas entre público presencial e online.

Pela manhã, foram quatro painéis que trataram de questões como inovação, sustentabilidade, inserção de novos produtos e tecnologia.

O período da tarde foi aberto com a solenidade de lançamento do Programa de Integridade do Sinduscon-DF e sua adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O menu oficial do programa já está disponível no portal do Sinduscon-DF.

Em seguida, foram apresentados três painéis que trataram de temas como compra e venda; ética; integridade, além de perspectivas econômicas e políticas para o setor.

Integridade e a LGPD no mercado imobiliário

No primeiro painel da tarde, foi tratado o tema “Integridade e a LGPD no mercado imobiliário”, mediado pela presidente do Conselho de Ética do Sinduscon-DF, Helena Peres, acompanhada pelos painelistas Inácio Alencastro, compliance officer da Urbanizadora Paranoazinho; Ana Cláudia Ferreira, diretora administrativa da Construtora LDN; Natalia Brotto, sócia da Brotto & Campelo Advogados e Tania Costa, diretora de desenvolvimento da Regus.

Inácio Alencastro iniciou os trabalhos falando sobre as mudanças dentro das iniciativas públicas e privadas ao se falar de integridade e compliance. “Existe um movimento internacional que vem em prol da integridade, da ética e da cultura de melhores práticas nas empresas. Os Estados Unidos foram precursores da legislação internacional que transcende o território americano, a FCPA, em busca de um mercado internacional mais ético e mais íntegro e isso após a comunidade europeia permitir que se contabilizem os atos de corrupção em países em desenvolvimento. A partir daí, o mercado americano trouxe essa lei, que demorou muito a pegar”, lembrou.

Em seguida, Natalia Brotto falou sobre a importância da cultura da integridade dentro do mercado imobiliário, citando exemplos de uma aplicação do programa na empresa de um de seus clientes. “O programa de integridade ou de compliance não pode ser só política e só no papel, tem que ser efetivamente o ato. Um cliente da construção civil tinha problemas com desvios em obras. Bolamos em conjunto a seguinte proposta: se o desvio de materiais diminuísse, ao final de cada obra seriam sorteados um, dois ou três colaboradores para receber uma casa a depender do tamanho da obra. A ação funcionou e o empresário passou a ter um gasto menor. Não se trata só de pensar no código de conduta ou nas boas práticas, mas em mecanismos para balancear a situação”, exemplificou Natalia.

Com a palavra, Tania Costa falou sobre as mudanças dentro da empresa onde atua, após a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD). “Nós temos um data manager (gerente de dados) que está presente no dia a dia da empresa; temos um programa de integridade que contempla toda a questão de cuidado com os dados e o trabalho com a questão do vazamento de dados e a segurança de informação. Além disso, nós utilizamos a LGPD e a General Data Protection Regulation (GDPR) (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados europeu), que vai desde o cliente ao possível cliente, que já vem passando os primeiros dados e tem os primeiros contatos conosco. Tudo isso é tratado com segurança e seguindo as diretrizes da LGPD”.

Ana Cláudia Ferreira, que atua na empresa pioneira a se adequar à LGPD no Distrito Federal falou sobre a implementação e seus desafios. “Começamos a implementar na LDN em 2017, quando a Lei 6.112 estava começando a ser escrita e de lá para cá foram muitos desafios. No começo, nenhuma outra empresa tinha e não existia uma consultoria para auxiliar nessa implementação, principalmente porque ainda era muito voltado para o setor financeiro. Por mais difícil que seja implementar, acredito que o maior desafio é a parte da gestão do programa, em que é preciso ter muita dedicação, estudo e foco para manter esse trabalho ativo”, contou.

Como inovar durante o processo de compra e venda de imóveis?

O sexto painel abordou o tema inovação na compra e venda de imóveis. O mediador foi Diego Gama, diretor-secretário do Creci-DF, acompanhado presencialmente do painelista Allan Guerra, presidente da Associação dos Notários e Registradores (Anoreg-DF) e de forma remota dos painelistas Mauricio Carrer, founder e CEO da Instacasa; Jordan Fabrício Martins, presidente do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (IRIB) e Glauco Farnezi, fundador e CEO da Facilita.

Com a palavra, Glauco Farnezi falou sobre o uso da tecnologia para facilitar o processo de compra e vendas no mercado imobiliário. “Na minha visão de mercado, primeiramente, é preciso pensar na inovação evolutiva, ou seja, é preciso otimizar o processo já existente. O segundo passo seria pensar no tripé que é processos, pessoas e tecnologia, ou seja pensar em como você consegue inovar nas vendas tendo tudo mapeado em etapas elaboradas. Desde a distribuição ao momento do atendimento, o envio de documentação pro cartório, a compra e etc. Para que isso ocorra da melhor forma, é preciso que esses processos estejam bem treinados e aí a tecnologia entra para trazer uma maior facilidade”, exemplificou.

Maurício Carrer falou sobre a implementação de tecnologias que facilitam a construção, decoração e venda de imóveis. “Nosso projeto usa uma tecnologia onde o comprador consegue visualizar o lote, visualizar o futuro naquele espaço. Então é possível entender as possibilidades de construção independente do que o cliente deseja, seja um local mais moderno, mais clássico, um quarto, um apartamento, um espaço. Tudo isso a pessoa consegue de forma rápida e virtual. Assim é possível visualizar um futuro ainda estando no presente”, explicou.

Em seguida, Allan Guerra falou sobre o projeto de inovação da Anoreg-DF para realizar compra, venda, escritura ou testamento de forma eletrônica. “Resumidamente, vendedor e comprador obtêm o certificado eletrônico ou, caso não tenham, pedem para os cartórios providenciar sem custo. Em seguida, o cartório prepara a minuta da escritura, submete e as partes aprovam. Tudo isso de forma simples, rápida e segura, gravado e assinado digitalmente”, explicou.

Jordan Fabrício Martins falou sobre as inovações nos métodos de registro de imóveis de forma eletrônica. “Nós temos plataformas de estatísticas, claro que ainda há muito a alimentar em termos de dados, mas nós já estamos construindo isso há bastante tempo. Através desses sistemas, que já funcionam, é possível fazer pesquisas acerca de dados e estatísticas, o valor real do imóvel no mercado e ainda existem outras inovações a serem implementadas, como o uso de um sistema eletrônico de registro imobiliário. Existe ainda a previsão do registro público eletrônico de notas centrais e estaduais, que tem sido trabalhado desde 2015 e salvou a atividade notarial durante a pandemia”, detalhou.

Perspectivas econômicas para o mercado imobiliário do DF

O Fórum de Integridade no Mercado Real Estate foi encerrado com o painel que trouxe como tema as “Perspectivas econômicas para o mercado imobiliário do DF” e teve como mediador Marcelo Moraes, diretor-presidente da Dominium Consultoria de Relações Institucionais, acompanhado pelos painelistas Luiz Henrique, especialista de cenários econômicos do Banco de Brasília (BRB); Ieda Vasconcelos, economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que esteve de forma remota e Mirian Lavocat, advogada e economista sócia-fundadora da Lavocat Advogados.

Marcelo Moraes introduziu o assunto falando da importância de conhecer os riscos e perspectivas econômicas para o Distrito Federal. Luiz Henrique iniciou com as perspectivas econômicas para o fim de 2022 e o ano de 2023. “Nós, no BRB, acreditamos que as taxas de juros do Banco Central devem se manter nesse mesmo patamar, em torno de 13.75% ao ano, fazendo com que haja uma compressão das taxas de juros nas instituições financeiras. Esse caminho ainda deve perdurar deste final de ano até junho do ano que vem, quando a gente começa a enxergar uma possibilidade do IPCA caindo ou chegando próximo a meta, fazendo com que as instituições financeiras passem a repensar seus valores, suas taxas financeiras, gerando uma redução nas taxas de praticados dos produtos de crédito”, analisou.

Em seguida, Mirian Lavocat falou sobre a taxa tributária e a importância da construção civil para a economia. “Esse é um setor que pela grandeza que representa e pelo número sensível de mão de obra, demora para se movimentar, mas quando se movimenta ele se torna a mola propulsora do crescimento econômico de um país. Por isso, a construção civil é um sgmento que merece, além da questão social que desempenha, uma atenção especial para uma política tributária que não traga amarras e, sim, crescimento. É nisso que devemos pensar dentro de uma política econômica de qualidade”.

Com a palavra, Ieda Vasconcelos falou sobre o alto desempenho do mercado imobiliário e da construção civil mesmo durante a pandemia. “Ninguém imaginava que em março de 2020 nós iniciaríamos esse trabalho que registraria um desempenho tão positivo. Em 2022, nós tivemos um crescimento do PIB da Construção Civil em quase 10%, sendo o maior crescimento em décadas e a primeira vez que o setor cresceu acima da economia nacional, que teve um aumento de 4,6%, a primeira vez desde 2013 que atingimos esse patamar. E, hoje, a projeção nacional está perto de 2,7% e o PIB do setor já atinge os 3,5%. Nós projetamos que esse crescimento já se inicie em outubro.”

Assista ao Fórum Integridade no Mercado Real Estate na íntegra no canal do YouTube do Sinduscon-DF. 

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