Engenheiro civil formado pela UnB, diretor técnico da Construtora Itebra, vice-presidente Administrativo-Financeiro do Sinduscon-DF, presidente da Comat/Cbic e presidente da Coopercon Brasil
O associativismo é uma forma inteligente de organização das pessoas que lutam por um objetivo comum, independente dele ser de cunho filantrópico, nacionalista, condominial, familiar, empresarial ou que envolva a satisfação de desejo pessoal.
No segmento da construção civil brasileira, temos um excelente exemplo prático de como pode funcionar bem o associativismo: a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). Se formos comparar a quantidade de projetos viabilizados em nível nacional pela entidade e a infraestrutura que dispõe, será difícil acreditar. Mas tal milagre é possível graças à capilaridade que dispõe em todo o Brasil, devido à extensa rede de sindicatos e associações filiadas, aos quais estão contatadas milhares de pequenas e médias empresas, filiadas ou não.
Os projetos criados nas Comissões Técnicas são construídos por dezenas, quando não centenas, de mãos de empresários e técnicos de diversos estados. Como resultado desta união, instituições representativas de diversos segmentos do setor juntam-se aos projetos em desenvolvimento e o associativismo, até então restrito a entidades de construtores, toma grandeza maior, pois passa a incorporar um setor inteiro, o que aumenta o poder de transformação.
O exemplo da Cbic é muito bem-vindo, à medida que estamos na iminência, caso seja efetivada a Reforma Trabalhista em transição no Congresso Nacional, de ver cair a obrigatoriedade do imposto sindical. No nosso sindicato aqui em Brasília, apenas 25% do total das empresas de construção que pagam o imposto sindical, obrigatório por lei, pagam o imposto patronal, obrigatório apenas para os filiados. A queda da obrigação de pagamento do imposto porá à prova a capacidade de nos mantermos unidos em torno de uma associação e preservá-la fortalecida e representativa frente à sociedade. A CBIC não recebe imposto sindical.
Uma forma mais radical de associativismo é o cooperativismo. Uma cooperativa só obtém sucesso se seus associados trabalharem em equipe, em favor da vitória numa determinada demanda. Ao contrário de uma associação padrão, que normalmente funciona como uma grande repartição, recebendo demandas diversas e de toda a ordem, de filiados ou não, as quais, na maioria das vezes, não é “obrigada” a dar vazão − ou dá, conforme suas possibilidades −, a cooperativa é criada pela necessidade de lutar por um objetivo único: notadamente, elevar os ganhos financeiros de pequenos e médios empreendedores, o que não seria possível de obter se cada um trabalhasse sozinho.
No final da década passada, houve um surto vigoroso de fundação de cooperativas de compras da construção em todas as regiões do país, movimento estimulado pela Cbic, com base no sucesso de experiência pioneira da cooperativa do Ceará. Transcorridos já quase dez anos, o Brasil conta, hoje, com 11 cooperativas estaduais em operação, que, juntas, movimentaram, no ano de 2016, cerca de R$ 250 milhões em compras. No mesmo período, as cooperativas agrícolas faturaram R$ 123 bilhões. Diferença absurda, se levarmos em conta que, em 2016, a diferença entre PIBs do setor foi de cerca de 20% em favor do setor agropecuário.
As cooperativas de compras são uma boa forma das construtoras aprenderem a praticar o associativismo por bem, para que não precisem, com o fim do imposto sindical obrigatório, aprender por mal.
Artigo publicado dia 25 de julho, no portal Construir Mais, do Sinduscon-GO