Artigo – Realidade nos Estados Unidos, BIM precisa avançar no Brasil

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Dionyzio Klavdianos
Presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da Cbic
Vice-presidente Administrativo-Financeiro e diretor de Materiais, Tecnologia e Produtividade do Sinduscon-DF

Realizamos entre os dias 4 e 9 de junho uma missão técnica internacional em Boston e Nova York, com os cinco primeiros colocados da 21ª edição do Prêmio Cbic de Inovação e Sustentabilidade para conhecer avanços proporcionados à indústria da construção pelo uso do Building Information Modeling, o BIM. A realização da missão coube à Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e a correalização do Senai Nacional. Tomando como marco zero a visita realizada aos Estados Unidos pelos companheiros do SindusCon-SP, no ano de 2010, e com base em seus relatos, podemos inferir que a difusão do BIM naquele país de fato expandiu-se, ao menos é o que se denota do que vimos e escutamos de profissionais de diversos escritórios visitados, envolvidos em projetos de toda a magnitude e complexidade.

Importante frisar que a maior parte da aplicação que vimos esteve concentrada na fase que antecede a construção do empreendimento, embora muitos já estivessem construídos ou em construção. Pouco nos foi apresentado sobre sua aplicação no planejamento e controle das obras, de toda a forma o foco da viagem foram mesmo os escritórios de projeto. Todavia, não há como uma construtora que se envolve com qualquer um dos projetos que nos foi apresentado não dispor também ela de uma cultura mínima de BIM, do contrário projetistas e construtora não teriam como “conversar”.  

A missão técnica acaba servindo também para que possamos comparar o estado da arte e o estágio de maturação do setor da construção nos dois países. Neste sentido, é visível que tanto lá como cá o tipo de intervenção que ainda inviabiliza, ou dificulta, a implantação do BIM são os casos das tantas obras de reforma ou de menor complexidade. Mesmo nos dois grandes canteiros por nós visitados verificamos que eles ainda não utilizam tanto ou bem os níveis 5D ou 6D. A própria dirigente de um centro de cooperação de arquitetos em Nova York, uma espécie de grande galpão onde cada arquiteto trabalha por sua conta e em projetos individuais, nos informou que ainda é caro para os profissionais implantarem o BIM nestes estágios. Se é caro para eles imaginem para nós…

Algumas boas notícias vindas de lá são que a rede de projetistas que aplicam o BIM já é bem nutrida em termos de especialistas em diversas áreas, os fornecedores dispõem de objetos na plataforma BIM , portanto suas informações já são utilizadas com precisão na fase de projeto, o BIM já está literalmente “ao alcance da mão”, ou seja, o profissional tem como armazenar, acessar e disponibilizar projetos que consomem grande carga de memória direto do celular e a realidade virtual aumentada já está sendo implementada no dia a dia de todos os escritórios de projetos visitados.

Uma das principais bandeiras da Cbic na atualidade é a disseminação e democratização do uso do BIM, esforço que culmina em cooperação com o governo federal na viabilização de concorrências públicas que exijam projetos produzidos com a utilização do software. Podemos fazer um paralelo entre este desafio e o que vimos agora nos Estados Unidos. Lá se percebe que projetos únicos e diferenciados, independentemente até dos custos ou tamanho, servem de estímulo para o desenvolvimento do BIM e sua assimilação pela indústria como um todo. Este papel, com a ressalva das interferências da lei de licitações, poderia muito bem ser encampado pelo Estado, que de maneira paulatina poderia ir implementando o BIM em alguns projetos cruciais que venham a ser licitados. Lembrando que já há casos pontuais em andamento em alguns estados brasileiros.

Por fim, o sucesso da viagem técnica não teria sido obtido sem a Cbic e o Senai Nacional, além da dedicação e comprometimento da empresa organizadora, que soube inserir com eventos e visitas de bom conteúdo técnico e a parceria com os desenvolvedores Autodesk, Graphisoft e Trimble, que nos colocaram em contato direto com escritórios e laboratórios técnicos que lidam com esta tecnologia em estágio já bem avançado. Parceria e cooperação, aliás, é uma forma inteligente de vencermos as barreiras proporcionadas pela falta de capital e investimento. Viajaram a convite da Cbic e do Senai Nacional os ganhadores das cinco categorias do Prêmio Cbic de Inovação e Sustentabilidade, além de consultor e membros da Comat/Cbic, que arcaram com os custos de sua viagem.
 


 Grupo em frente ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston

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