Assessoria de Comunicação da Cbic
A indústria da construção está unida na percepção da agenda que pode acelerar a recuperação da economia brasileira. Dirigentes de entidades dos diversos segmentos do setor que vieram à Brasília para o “Encontro com a Construção Civil – Unindo forças para construir o futuro do Brasil”, com o presidente em exercício Michel Temer, enxergam na aprovação das reformas e de medidas que melhorem o ambiente de negócios a saída para a crise. Em conversa com o Cbic Mais, eles avaliam o cenário:
Flávio Amary, presidente do Secovi-SP
Qual a importância do encontro com o Presidente da República para a construção civil?
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É fundamental o apoio de todo o setor da indústria construção e da indústria imobiliária, para que a gente possa dizer ao presidente que o setor está pronto para agir, reagir e levantar a economia do país. Assim que a solução política seja encontrada, e nós esperamos que seja encontrada no final do mês, o setor deve, sim, contribuir muito para o crescimento econômico do país e alavancar a volta do crescimento.
Qual o panorama do segmento que o senhor representa?
Como toda economia, está encontrando dificuldades de lançamentos, de vendas. Mas acredito que a mudança já aconteceu, a confiança já mudou, e as pessoas já acreditam que o dia de amanhã vai ser melhor que o dia de hoje. Então, essa perspectiva positiva faz com que dê início a uma recuperação, ainda que pequena, mas a gente precisa que essa recuperação aconteça. E existem algumas ações que o governo pode promover que custa nada para o país, que custa zero, até porque o orçamento hoje é um problema grande para todos nós, e essa agenda positiva micro econômica que busca trazer uma desburocratização e uma desregulamentação, respeitando contratos, dando segurança jurídica para investimentos, é uma agenda que não tem custo nenhum para o país e traz um benefício enorme não só para o setor, mas para toda a economia.
Qual a sua expectativa para os próximos 2 anos?
Minha expectativa é positiva, é otimista. A gente tem que buscar agora um processo de união do país. Nós não podemos mais ter o nós e um eles, independente de quem é nós e quem são eles. Nós temos de buscar uma união em prol de melhorar o nível de emprego, que é o maior problema que temos hoje e ainda não deu sinais de melhoras. E a indústria imobiliária pode, sim, contribuir muito com a melhora do nível do emprego do país, então minhas expectativas são as melhores, mas os problemas ainda precisam ser enfrentados.
Cláudio Elias Conz, presidente da Anamaco
Qual a importância do encontro com o Presidente da República para a construção civil?
A maior importância é a demonstração de como esse é um setor que tem propostas extremamente viáveis para a melhoria da economia, geração de emprego de forma conjunta, já que a construção civil, os trabalhadores, a indústria, o comércio, e também a parte de projetos se articulam; de forma que a gente possa levar propostas que sejam contributivas com o crescimento setorial. É um setor que consegue trabalhar propostas que sejam boas para o Brasil e boas para o crescimento econômico.
Qual o panorama do segmento que o senhor representa?
Eu represento 148 mil lojas de materiais de construção. É o mundo da reforma, da ampliação, é o mundo que vem depois da construção civil. Tudo que a construção civil produz, ao longo dos próximos 30, 50 anos são clientes dessas lojas de materiais de construção. Esse é um setor que nos últimos três meses, todo mês tem sido um pouquinho melhor que o mês anterior. A gente acredita fortemente que passamos pelo pior. Ainda estamos acumulando uma queda sobre o ano passado, mas é bem provável que a gente termine o ano com crescimento de 5%.
Qual a sua expectativa para os próximos 2 anos?
Os últimos três meses tem sido dessa forma. Como o segundo semestre normalmente é 60% do nosso ano, ou seja, tem uma atividade mais intensa, sem dúvida nenhuma acreditamos que vamos crescer cada vez mais.
Deputado Antônio Ramalho
Qual a importância do encontro com o Presidente da República para a construção civil?
É importante por movimentar o Brasil inteiro, trazendo empresários de todo o Brasil, trabalhadores de todas partes do Brasil. Nós estamos em um momento difícil e uma das soluções para recuperar o emprego, que beira 12 milhões de pessoas desempregadas, é o setor da construção civil. Você investe 1 bilhão de reais na construção civil e gera 15.157 empregos diretos e mais de 35.000 empregos indiretos. Nós podíamos realizar duas coisas com uma cajadada só, como se fala na gíria: realizamos o sonho da casa própria, que existe o déficit habitacional, e aquilo que o trabalhador e o cidadão mais sonham, ter uma carteira assinada, ter um endereço para trabalhar e um endereço para voltar para casa e cuidar da família. A importância nesse encontro é mostrar ao presidente e ao seu governo caminhos que podemos trilhar para ajudar a girar a roda do desenvolvimento.
A construção civil é um dos setores que mais perdeu força de trabalho nesse período de crise. Qual que é a expectativa do trabalhador hoje em relação a isso?
O que é observado pelo Brasil inteiro, é o trabalhador que perde o emprego. Ele já recebeu o seguro desemprego. Por conta da crise, o trabalhador perdia o emprego e ia sobreviver com um bico, mas também nem o bico mais tem, pois quem ia fazer uma reforma, também por conta da crise, não está fazendo. Você vê os trabalhadores de São Paulo, 87% não tem onde morar, sendo despejados, muitos moram na rua. Nós já encontramos, nessas caminhadas que faço nas madrugadas, trabalhador da construção civil que mora na rua, até mesmo nossos associados. E eu vejo um desespero imenso.
Qual a sua expectativa para os próximos 2 anos?
Se continuar havendo essa boa vontade política, não só dos políticos, mas dos empresários, eu vejo com muito otimismo. No interior de São Paulo, já dão sinais de alguns investimentos. Nós temos uma empresa de pré-moldado, que tem 420 funcionários. Esse mês serão demitidos 47 funcionários. Eu particularmente acredito no presidente da República, acho que essa forma dele trabalhar ouvindo os setores, ouvindo a sociedade, é a forma mais correta. A principal qualidade de Michel Temer realmente é ouvir. E nesse caminho, a nossa esperança é ajudar o governo para que o governo ajude o Brasil.
Walter Cover, presidente da Abramat
Qual a importância do encontro com o Presidente da República para a construção civil?
Esse é um momento que toda a cadeia de construção está vivendo de retomada, início de um novo ciclo, e acho muito importante a gente mostrar para o presidente aqueles pontos que uma vez incentivados vão acelerar muito o crescimento durante essa retomada. A construção civil responde tradicionalmente de uma maneira muito rápida quando medidas são tomadas na direção correta. No nosso caso, os principais pontos são o crédito imobiliário, o crédito para reformas, um programa permanente de moradia popular e a infraestrutura, todos esses fatores o governo tem em mente que devem ser acelerados e nós estamos aqui para acelerar esse pedido e apoiar o presidente naquilo que for necessário para viabilizar essas medidas.
Qual o panorama do segmento que o senhor representa?
A indústria dos materiais está até julho como uma queda de 14% nas vendas e como já vem de outras duas quedas dos anos de 2015 e 2014, nós estamos voltando as vendas no patamar de 2008, ou seja, o setor está vivendo um momento muito grave. Nós estamos esperançosos e na expectativa não só que o ciclo tenha terminado, mas que o governo se dê conta de que a construção, como eu disse, pela sua importância, são 13 milhões de trabalhadores em toda a cadeia, e certamente qualquer medida ela vai se reverter no aumento do emprego e da atividade.
Qual a sua expectativa para os próximos 2 anos?
Se olharmos historicamente, o setor passou até mesmo recentemente por algumas crises, a gente vê que na retomada ela é muito intensa e muito rápida. Então eu estou esperando que uma vez o quadro político esteja definido e, consequentemente, o governo esteja mais à vontade para adotar mais medidas econômicas em direção de crescimento da economia, nós estamos esperando, esse ano ainda vai ser um ano com queda. 2017 vai ter algum aumento sobre 2016.
José Roberto Bernasconi, presidente do Sinaenco
Qual a importância do encontro com o Presidente da República para a construção civil?
É uma grande oportunidade para todos os elos para a chamada corrente produtiva da construção levar ao presidente da República a manifestação de confiança na sua decisão de fazer todas as mudanças necessárias, das correções de rumo para que o Brasil possa efetivamente voltar ao plano de desenvolvimento. Eu tenho a plena convicção que nós estamos iniciando um momento de transformação, sendo a construção a atividade que tem o maior número de trabalhadores, que consegue gerar a maior quantidade de empregos e, portanto, a maior distribuição de renda. Desde os projetos que são estratégicos para pensar no Brasil do futuro, como a construção que realiza fisicamente esses sonhos brasileiros, eu acho que nós temos a força da nossa capacidade produtiva e queremos nos associar aos dirigentes do país, e dizer estamos com ele dando apoio para as medidas altamente necessárias que vão ser dolorosas, mas que colocarão o país outra vez na direção correta. E a nossa capacidade de construção vai nos ajudar a construir esse país que nós queremos.
Qual o panorama do segmento que o senhor representa?
No setor de projetos nós temos um contingente de engenheiros e arquitetos de 250 mil pessoas no Brasil. São mais de 30 mil pequenos escritórios, até grandes empresas de arquitetura e engenharia consultiva e nós estamos hoje com mais de 20% de desemprego no nosso setor. Muitos colegas, profissionais de competência, tiveram que ser desligados das empresas por essa crise que estamos vivendo já há dois anos. Então, nós temos a capacidade de produzir coisas que tem alta significação. Das pranchetas dos arquitetos e engenheiros projetistas emerge o futuro do país. E nós precisamos trabalhar para que o Brasil volte a se desenvolver, porque investimento gera desenvolvimento, e desenvolvimento gera emprego e renda. E aí nós vamos ajudar a produzir esse Brasil novo.
Qual a sua expectativa para os próximos 2 anos?
Depende da tomada das medidas e que elas sejam implementadas. Têm que fazer o ajuste fiscal, tem que refazer a reforma trabalhista, tem que fazer a reforma da Previdência e essas coisas são inadiáveis. Se isto for feito, o Brasil fica mais enxuto, a máquina governamental e toda a capacidade produtiva da iniciativa privada que gera emprego e produz fisicamente as coisas, ai o Brasil vai realmente retomar o desenvolvimento. Mas é preciso que essas medidas corretivas sejam tomadas. Esse segundo semestre de 2016 é essencial para mudanças. Ver como que o Congresso trabalha isso, se as mudanças primeiro aprovadas, segundo implementadas. Teremos ainda os doze a dezoito meses de ajustes, onde deixa de piorar e é capaz de ano que vem, no segundo semestre já começar a retomada do desenvolvimento e em 2018 acelerar a corrida para cima.