Desemprego ataca jovens e mulheres – Correio Braziliense

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Com a estagnação do país em 2015, 1,2 milhão de pessoas serão demitidas. Taxa de desocupação subiu de 5,1% em fevereiro de 2014 a 5,9% no mês passado. Para as trabalhadoras, atingiu 6,9%. E chegou a 16,1% na faixa de 16 a 24 anos

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Simone Kafruni
 
Último bastião do governo Dilma Rousseff, o baixo índice de desemprego não resistiu à estagnação do país e começou sua derrocada, em linha com todos os outros indicadores econômicos, que se deterioraram antes. O ano começou com demissões em massa e, até que termine, mais de 1,2 milhão de trabalhadores terão perdido seus empregos, conforme a consolidação de estimativas dos principais setores da economia. O nível de desocupação cresce assustadoramente no país, algo decorrente não só da Operação Lava-Jato e da suspensão de pagamentos da Petrobras a fornecedores, como quis minimizar o ministro do Trabalho, Manoel Dias, ao divulgar o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro. Os dados apontaram o fechamento de 84 mil postos de trabalho apenas no primeiro bimestre do ano.
 
Desde o fim do ano passado, vários setores estão demitindo fortemente. Além das empresas vinculadas à Petrobras, o setor automotivo, a construção civil, os serviços, as mineradoras e as metalúrgicas também estão em maus lençóis por conta da fraca atividade econômica do país. Em 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ficou estagnado, com avanço de apenas 0,1%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2015, a perspectiva do mercado é de retração de 1,5%, enquanto o Banco Central estima queda de 0,5% no PIB.
 
Os setores produtivos mais afetados pela conjuntura econômica iniciaram as demissões para cortar custos. A construção civil, que já demitiu 250 mil trabalhadores nos últimos cinco meses, deve fechar mais 300 mil postos em 2015, projeta o Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-SP). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada estima que, pelo menos, 20,1 mil trabalhadores de 38 empresas, em sete projetos da Petrobras, tenham sido demitidos nos últimos meses. Quase 2 mil mineradores perderam seus empregos. O setor automotivo, que já demitiu 12,4 mil pessoas em 2014, deve cortar mais 350 mil vagas. Apenas em fevereiro, o setor de serviços, o que mais emprega no país, fechou quase 200 mil postos de trabalho.
 
Unanimidade
 
Todas as pesquisas que apuram desemprego no país são unânimes em mostrar o aumento da desocupação, até mesmo o levantamento do Departamento Intersindical de Estatístisca e Estudos Socioeconômicos (Dieese), fortemente ligado ao PT. A taxa apurada pela entidade cresceu para 10,5% em fevereiro na região metropolitana de São Paulo. "O mercado de trabalho deverá sofrer grande impacto com as medidas de ajuste implementadas pelo governo", afirma o boletim da entidade.
 
O IBGE revela que a taxa de desocupação passou de 5,1% em fevereiro de 2014 para 5,9% no mesmo mês de 2015. "O desemprego no país segue em alta no início do ano e registra, pela primeira vez desde 2011, queda no rendimento dos trabalhadores", aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Até o fim do ano, deverá subir ainda mais. Há quem estime que poderá atingir 8%.
 
Os mais afetados pelo desemprego até agora, segundo o IBGE, são mulheres e jovens. Enquanto para homens, o desemprego passou de 4,7% em janeiro para 5% em fevereiro, entre as mulheres subiu de 6% para 6,9%. E, para a faixa entre 16 e 24 anos, o índice saltou de 11% em dezembro para 16,1% em fevereiro.
 
O setor de serviços foi o que mais dispensou em fevereiro, de acordo com o IBGE, com queda de 3,7% no número de empregados e dispensa de 165 mil pessoas. O auxiliar de cozinha Patricio Wanderson, de 26 anos, perdeu o emprego porque o restaurante em que trabalhava fechou as portas. Ozinelia Barros da Fonseca, de 49 anos, conta que a idade atrapalha a recolocação. "É mais uma barreira, como se a gente não tivesse mais utilidade. Fui caixa de supermercado, mas me demitiram quando acabou o contrato de experiência", diz ela, que procura vaga desde outubro.
 
Serviço de demissão
 
A gerente de projetos da Thomas Case & Associados, Rose Corretori, diz que a procura pelo serviço de condução de grandes demissões aumentou muito, sobretudo para áreas operacionais da indústria. "Nós somos procurados para fazer o desligamento e buscar recolocar os profissionais no mercado. Mas este ano está difícil, com mais demissões do que admissões. Empresas estão fechando áreas inteiras e não têm como manter nem os profissionais mais qualificados", revela.
 

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