91º ENIC: Tecnologias sustentáveis geram mais eficiência e rentabilidade

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Agência CBIC

 

A mesa que debateu o painel ‘Negócios Verdes, oportunidade ou sobrevivência do seu negócio’, no 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (91º ENIC), reuniu exemplos de empreendimentos sustentáveis que trazem retorno financeiro positivo para o mercado imobiliário. O evento realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reuniu centenas de especialistas e construtores na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ).

 

Confira a galeria de fotos do painel

 

Um dos casos de sucesso apresentado foi o projeto Terra Mundi, da construtora New Inc, que possui mais de 80 critérios de sustentabilidade. Segundo o presidente da incorporadora, Claudio Carvalho, um dos destaques da iniciativa, com certificação no sistema B, é o programa Caçamba Zero.

 

“Decidimos que nenhum canteiro de obras teria caçamba de entulho. Os resíduos são separados, doados, vendidos, reaproveitados, reciclados. Fabricamos blocos de concreto dentro do próprio canteiro com o que sobra de demolição e construção”, detalhou o engenheiro.

 

A economia com o gerenciamento de resíduos resulta na doação de casas aos funcionários. “O objetivo é mostrar a quem trabalha no canteiro que a economia do ponto de vista ambiental pode gerar uma casa que é entregue para algum funcionário. Não é programa filantrópico, é pedagógico. O que nós queremos fazer é mudar a mentalidade deles”, explicou.

 

Ainda de acordo com Claudio Carvalho, o mesmo conceito é levado para os empreendimentos que são entregues. “Estudamos o projeto para que o lixo de cada um dos apartamentos possa ser transformado em receita. Começamos com o processo mais difícil que é de convencimento cultural. O problema não é fazer, é convencer as pessoas de que isso é possível. Temos que trabalhar a mentalidade na obra e no empreendimento”, disse o palestrante.

 

Tanto nos canteiros quanto nas residências há também tratamento e reciclagem da água, aquecimento da água dos chuveiros com calor do sol, além do uso de células fotovoltaicas gerando energia limpa.

 

O segundo caso foi o Condomínio Comercial Eurobusiness, em Curitiba. O empreendimento, Net Zero água e energia, é o primeiro no Sul do Brasil a conquistar a certificação Leed Platinum, a maior na categoria. Marcos Bodenese, da FMA Incorporadora, falou sobre o projeto.

 

“Eu poderia destacar outros pontos, mas vamos nos ater em dois que me orgulho. Primeiro é o da água, somos autossuficientes. Tratamos 100% do esgoto orgânico produzido no edifício de 15500 m2 e 61 unidades. Depois, a energia. Temos painéis fotovoltaicos que suprem a necessidade da área comum. Os elevadores utilizam a energia gerada pelo equipamento. Os vidros são de baixa transmissão de raios. A palavra que mais nos norteou foi ousadia. É possível empreender com responsabilidade e respeito à natureza”, ponderou.

 

Guido Petinelli, especialista em certificação ambiental para empreendedores, apresentou benefícios de selo, como o Leed. “Por que não se o custo adicional é zero? O desafio de qualquer engenheiro é vencer a barreira do custo, como fazer mais com menos. O Brasil hoje é referência em edifícios autossuficientes no mundo. Temos solo abundante e clima subtropical no sul. É o lugar certo para fazer esse tipo de conceito. Será que vou ter economia? Será que a certificação entrega os benefícios que promete entregar? Dados provam que sim, e com dados não se discute”, afirmou.

 

Nilson Sarti, presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA/CBIC), comissão realizadora do painel, mostrou entusiasmo. “Essas iniciativas me deixam cada vez mais feliz. Negócios verdes já existem e quem está fazendo sai na frente e tem rentabilidade. É importante sair da caixinha”, disse Sarti, que também é vice-presidente da área de Meio Ambiente da CBIC.

 

Ana Rocha, da ProActive, apresentou estudo de indicadores e soluções de sustentabilidade para empreendimentos residenciais, em parceria com a CMA, dentro de um projeto CBIC. A ideia da CBIC, informou ela, é instigar as instituições financeiras a desenvolver linhas de crédito especiais para aquelas empresas que coloquem inovação nos empreendimentos.

 

Adriana Hansen, do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), trouxe mais dados e informações para promover a sustentabilidade do setor no país. “Sustentabilidade é business. Há uma perspectiva para 2021 de um aumento de projetos com algum diferencial de sustentabilidade, uma certificação ou premissa. O principal motivo de construir um greenbuilding ainda é redução de custos, mas é importante levar em consideração o conforto ambiental de quem vai morar”, alertou.

 

Roberto Lamberts, professor da UFCS, falou sobre o selo Procel Edifica alinhado com normas de desempenho. “É preciso mudar a métrica de medição de modo que facilite o usuário entender e valorizar sistemas construtivos que realmente economizam energia”.

 

A advogada Gabriela Giacomolli encerrou a palestra, ressaltando a segurança jurídica em soluções sustentáveis, ecotributação e novos modelos de contratos. “Enquanto não enxergarmos a questão ambiental no tripé econômico, não colocarmos o custo na ponta do lápis, não vamos preservar. Temos que fazer nossa parte para exigir do poder público a adoção de medidas melhores, aprovar as propostas de lei, fazê-las funcionar para conseguirmos ter desconto em tributos”, finalizou.

 

Promovido pela CBIC, o 91º ENIC é uma realização do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e conta com a correalização da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio) e do Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci-Rio).

 

Os trabalhos da CMA no 91º ENIC têm relação com o projeto ‘Finanças e Negócios Verdes para a Indústria da Construção’, realizado pela CBIC com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).

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