Agência CBIC
Os desafios das novas tecnologias para o futuro da construção, relacionados à inovação e ao trabalho, que conduzem maior segurança e qualificação das atividades, foram destaques de painel conjunto das Comissões de Política de Relações Trabalhistas (CPRT), de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) e de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o SESI e o SENAI Nacional, na manhã desta quinta-feira (16/05), na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, por ocasião do 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC).
O painel marcou o lançamento da plataforma digital da Construção 2030, hospedada no endereço www.cbic.org.br/construcao2030, ação do Projeto 10 – Tendências e Inovação, com correalização do SENAI Nacional. Coube a Fabio Queda Bueno da Silva, supervisor técnico da Construção 2030 e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), apresentá-la ao público e convidar os presentes para participar da proposta de, a partir de agora, planejar os futuros, não apenas do setor de construção civil, mas também da sociedade brasileira.
O professor partiu de uma definição do Foresight para explicar o principal objetivo do projeto Construção 2030. Segundo o qual, “futuros indicam a presença de alternativas que podem acontecer e a necessidade de considerá-las”. Veja mais informações., na matéria Construção 2030 – Plataforma Digital, um salto para o futuro.
Um olhar para o futuro da indústria
No painel, Luís Gustavo Delmont, especialista em desenvolvimento industrial do Senai Nacional, apontou vários sinais que já indicam o futuro da indústria da construção, como as construtechs e alertou sobre as novas tecnologias, o novo mercado e o planejamento de futuro desejável.
“Se a gente não mudar, alguém vai mudar? Você quer estar de qual lado do balcão? Tem lugar para os dois”, provocou Delmont, reforçando que “o hábito do consumidor está mudando, há política pública indutora e predomínio da cultura de inovação do setor com tecnologias habilitadoras”.
“O que vocês vão fazer com isso? A Construção 2030 oferece às empresas a oportunidade de serem líderes”, disse.
Thiago Yhudi Taho, especialista em Desenvolvimento Industrial e coordenador nacional dos Centros de Inovação do SESI, abordou as consequências dos sinais apontados por Delmont para a área de Segurança e Saúde no Trabalho.
Ao apresentar o que já existe, como a Inteligência Artificial (IA), a Tecnologia Autônoma e não tripulada, a Interface homem-máquina forma de trabalho em mudança e a Wearebles, destacou seus benefícios, como a dos drones, que permitem o acompanhamento em áreas perigosas ou de difícil acesso.
“O SESI acredita que a inovação na segurança e saúde no trabalho reduz acidentes e custos com saúde suplementar”, disse, destacando a existência dos seus nove Centros de Inovação, focados em pesquisa aplicada na indústria, para desenvolver novas tecnólogas e formas de capacitação para apoiar a indústria nos desafios.
Além disso, Thiago Taho destacou, como tecnologia inovadora, a Solução Tecnológica de Monitoramento de Gestão de Segurança do Trabalhado, vencedora do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade da CBIC, que também consta na publicação da CPRT/CBIC sobre Segurança e Saúde na Indústria da Construção – Prevenção e Inovação.
Segurança e Saúde no Trabalho na era da inovação e o Futuro do Trabalho na Indústria
Para o engenheiro e especialista em Segurança e Saúde no Trabalho, Hugo Sefrian Peinado, “o campo da segurança e saúde do trabalho é beneficiado pela movimentação das novas tecnologias e o setor da construção pode usá-las nos seus canteiros de obra”.
Também provocando a plateia do 91º ENIC, questionou o que ela vai fazer com as ferramentas que já estão disponíveis: BIM, Realidade Virtual e Realidade Aumentada. Essas duas últimas com foco no treinamento, tanto dos trabalhadores quanto do setor gerencial, para aprender a lhe dar com a situação de risco nos canteiros de obras, principalmente para as pessoas da geração NET, que sempre tiveram acesso a computadores e videogames. “A ideia é saber como podemos lhe dar com treinamentos desse tipo”.
Sobre o Futuro do Trabalho na Industria da Construção e a possibilidade de os trabalhadores não estarem preparados para encarar a mudança, o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan, destacou que o desafio do setor e do sistema S é fazer com que os trabalhadores possam acompanhar essas mudanças.
“Com a Indústria 4.0 é preciso pensar o futuro. O que não vem acontecendo. Ao contrário do que alertou Fabio Queda, no início do painel, sobre a necessidade de estar atento aos sinais”. Confira mais detalhes sobre o assunto na entrevista sobre o Futuro do Trabalho na Indústria.
O futuro já chegou! Você está preparado?
O painel contou também com apresentação da publicitária, futurista e pesquisadora sobre o futuro do trabalho na Rede Crie Futuros, Datise Biasi. Ela abordou as perspectivas para o mercado do trabalho com os avanços tecnológicos e mudanças sociais, e como serão as novas empresas e relações trabalhistas.
Para a palestrante, a sociedade encontra-se numa fase transição da era industrial para a digital, o que traz desafios de adaptação. “Achamos que, para sugar essas mudanças, devemos saber operar melhor as novas tecnologias. Isso é importante, mas o mais difícil é aprender a pensar nesse contexto digital. É uma mudança cultural e de mindset”, explicou.
Biase explica que essas transformações trarão mudanças na forma em que as pessoas trabalham, como, por exemplo, a popularização do home e anywhere office; nas relações profissionais, que se tornarão mais plurais e informais; nas oportunidades de emprego que surgirão e nas habilidades exigidas, cada vez mais diversificadas e flexíveis.
Para encerrar o painel, participou também o presidente do Plano de Amparo Social Imediato (Pasi), Alaor Silva. Ele começou sua exposição contando a história da iniciativa, criada na década de 1980 no Sindicato da Indústria da Construção de Minhas Gerais (Sinduscon-MG), com o objetivo de oferecer seguros para operários do setor. Atualmente, o Pasi é uma referência nacional, replicada em vários estados.
A seguir, Alaor abordou a importância de adaptar as soluções do mercado de seguros para a construção de acordo com a constante evolução do setor. “O seguro do futuro envolve as empresas do futuro. Temos os parâmetros das convenções trabalhistas, mas é importante desenvolver alternativas complementares, e estamos dedicados a isso”, comentou.
Promovido pela CBIC, o 91º ENIC é uma realização do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio) e conta com a correalização da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio) e do Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci-Rio).
O painel conjunto da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) no 91º ENIC são correalizados pelo SESI Nacional, atendendo ao plano de trabalho do projeto 7 – Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção.
As apresentações do painel podem ser acessadas no site da CBIC ou na área das comissões.
Fotografias no painel estão disponíveis no Flickr da CBIC.