91º ENIC: Futurismo e inovação norteiam debates do Congresso Técnico de Engenharia

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Agência CBIC

 

Futurismo, tecnologias e novas formas de construção nortearam as palestras no primeiro dia de Congresso Técnico de Engenharia, no 91º Encontro Nacional da Indústria de Construção (ENIC), nessa quinta (dia 16), no Rio de Janeiro (RJ).

 

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Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Joel Kruger abriu o Congresso ressaltando algumas conquistas da entidade, como a publicação da Resolução 1.116 no DO da União, no início de maio, cujo texto classifica as obras de engenharia como serviços técnicos especializados, que exigem habilitação legal para sua elaboração ou execução. “Essa resolução impede a contratação de obras por meio de pregões eletrônicos, atendendo às nossas demandas. Temos uma posição contrária aos pregões”, informou.

 

Segundo Kruger, o Confea acompanha de perto cerca de 600 projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional, entre eles, os debates em torno da Lei de Licitações e da exigência de licenciamento ambiental prévio ao lançamento de editais. “Organizamos também encontros com o Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para discutir a desburocratização, o desenvolvimento e a melhor utilização de normas, assuntos que interessam ao setor de engenharia como um todo”.

 

Antecipando o futuro

 

O futurista Tiago Mattos abriu sua palestra, organizada pelo Projeto de Tendências e Inovação da CBIC em parceria com o Senai Nacional, ressaltando que sua expertise está relacionada à série de inovações que vêm ocorrendo em todos os setores da economia, inclusive o da construção civil, e que servem de inspiração para os empresários do setor.

 

Mattos é dono de um laboratório de exploração de cenários futuros e um entusiasta de novas tecnologias. Mapear essas inovações e tendências de mercado, segundo ele, é premissa fundamental para qualquer empresa que queira se manter competitiva. “Quem não pensa sobre o futuro resolve o presente com ferramentas do passado”, afirmou, citando algumas startups estrangeiras do setor da construção civil, que já nasceram digitais e inovadoras, como a Urban Curtain, que criou cortinas biológicas para prédios, feitas com algas, para a captação de CO2 e redução da poluição atmosférica.

 

As dificuldades que a crise econômica impõe aos investimentos em inovação foram destacadas pelo futurista, que, no entanto, chamou a atenção para o preço que as empresas que postergam essa decisão podem pagar nos próximos anos ao, inevitavelmente, perderem espaço no mercado. “Algumas companhias já entenderam que tecnologia não é apenas uma escolha, pois ajuda a definir estratégias e aponta novos rumos para a alto comando. Muitas lideranças entendem de negócio, mas não de tecnologia, o que pode se tornar um problema”, alertou, reforçando a importância do envolvimento de todos os funcionários com o tema da inovação. “É preciso criar uma cultura de tecnologia para que a empresa consiga sustentar a inovação”.

 

No final da palestra, o especialista citou uma frase do escritor e futurista americano Alvin Toffler: “O analfabeto do século XXI não é aquele que não sabe ler nem escrever, mas aquele que não sabe aprender, desaprender e reaprender”. Na opinião de Mattos, quem souber aplicar essa teoria no cotidiano não precisa temer o futuro. “Estamos formando uma geração de analfabetos digitais, ensinado coisas que daqui a algum tempo não existirão mais. É hora de reverter isso”.

 

Construtechs

 

O Head de Operações da Construtech Ventures, Bruno Loreto, deu um panorama sobre as stratups voltadas para o mercado de construção, que vêm criando no setor um ecossistema de inovação. A própria empresa de Loreto é considerada inovadora: trata-se de uma venture builder, startup que investe em outras startups que têm ideias consideradas interessantes e que possam melhorar o trabalho e a vida das pessoas.

 

Hoje são 1.270 startups voltadas para o setor em 36 países. No Brasil, são 562 construtechs atuando em vários tipos de projetos. São Paulo lidera o ranking com 230, seguido de Santa Catariana, com 79, e Minas Gerais, com 58. Cerca de 9% dessas empresas atuam no segmento de projetos e viabilidade de obras; 26% na criação de inovações no segmento de construção; 35% na aquisição de imóveis; e 30% estudam formas de melhorar propriedades que já estão em uso. “Nos últimos 5 anos, nasceram 64% das construtechs. É um processo recente no Brasil”, destacou Loreto. Em 2018, as startups brasileiras receberam R$ 611,7 milhões em investimentos.

 

A baixa produtividade do setor da construção no Brasil foi mote da apresentação do vice-presidente da Tecverde, José Márcio Fernandes. Esses índices motivaram a criação da empresa, que se tornou a única do país homologada para construir prédios e casas com tecnologia industrializada a seco. “Vendemos habitações produzidas em fábrica, prontas e acabadas”, explicou. Segundo ele, a fórmula reduz o prazo de execução das obras em até três vezes, e impacta também na quantidade de mão de obra e nos custos. O bom desempenho acústico e térmico também é outra vantagem. A Tecverde tem projetos em cidades do Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiânia e Mato Grosso do Sul.

 

Inovação

 

A infraestrutura e desenvolvimento urbano geram receita anual de R$10 trilhões, representando cerca de 6% do PIB global, e empregam aproximadamente 100 milhões de pessoas no mundo. Foi com essa informação que o CEO da Ambar Brasil, Bruno Balbinote mostrou a força do setor da construção no mundo. “Até 2050, a população global deverá ser de 10 bilhões, e 1,6 bilhão não terão moradia digna para viver. Um estudo da McKinsey estima que, para preencher esse gap, serão necessários mais de US$ 11 trilhões em investimentos globais, com quase 900 milhões de moradias”, ressaltou.

 

O cenário de demanda levou a Ambar a investir na industrialização da construção, para transformá-la em uma experiência “incrível”. Ao longo de cinco anos, a empresa construiu 300 mil unidades (casas e apartamentos) por meio de blocos de montagem. “O objetivo da Ambar é transformar globalmente a construção civil, através da aplicação de tecnologias de materiais que reduzem o custo de moradia e melhoram a qualidade de vida”, disse Balbinote.

 

Sócio da Mora Rocks, Arthur Norgren afirmou que a empresa busca oferecer moradias em espaços bem localizados das cidades a um custo mais baixo. O projeto-piloto da empresa foi levado ao bairro Vila Madalena, em São Paulo, com a construção de um prédio vertical por meio de técnica modular. “Conseguimos reduzir em 30% o valor da locação em relação a outros imóveis no mesmo bairro, e o prazo de entrega foi reduzido em 50% na comparação com empreendimentos tradicionais”, destacou Norgren.

 

A Brasil ao Cubo – empresa é especializada na transformação de contêineres em escritórios comerciais e residências – aposta no slogan “Obras sem canteiro de obra”. O sócio Ricardo Mateus explicou que a construção modular, feita em fábrica e montada no local em algumas horas, reduz o prazo de entrega e os custos.

 

O diretor da Softplan, Fabricio Schveitzer, mediou o painel “Desafios de industrializar o processo construtivo.

 

Promovido pela CBIC, o evento é uma correalização do Sindicato da Indústria da Construção no Estado do Rio de Janeiro (Sinduscon-Rio), da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-Rio) e do Serviço Social da Indústria da Construção do Rio de Janeiro (Seconci-Rio).

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