#MulheresNaConstrução: Da lanchonete à construção civil

#MulheresNaConstrução: Da lanchonete à construção civil
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Lucas Junqueira
Assessoria de Comunicação Social do Sinduscon-DF

Amor à primeira vista. Esta é a relação da brasiliense Stefani Jardim com a construção civil. Se no passado perguntassem a jovem sobre seguir carreira na engenharia, jamais responderia que sim. Porém, uma oportunidade única mudaria completamente esta trajetória.

Entre 2004 e 2006, Stefani trabalhou na lanchonete do colégio Notre Dame. Com ensino médio completo e 20 anos de idade, recebeu uma bolsa integral, oferecida pelo diretor do colégio, e ingressou no curso técnico de técnica em segurança do trabalho. ''Até então, não fazia ideia do que se fazia e nunca tinha pensado em trabalhar em uma obra. Assim que comecei a fazer o curso, não teve jeito, foi amor à primeira vista'', afirmou.

Durante o período de realização do curso, Stefani fez estágios em construtoras com canteiros de obras no Distrito Federal. Ao se formar, em 2010, ingressou na faculdade de engenharia civil na Uniplan, em Águas Claras, e desde então, desenvolveu a carreira na área. Em suas experiências, passou por diversos cargos, como técnica e assistente de engenharia civil.

Em 2014, Stefani finalizou sua graduação e seguiu para a realização de pós-graduação em engenharia de segurança do trabalho pela Faculdade Laboro. E foi no ano seguinte, em 2015, que deu um novo grande passo na carreira: recebeu a oportunidade de emprego na empresa que trabalha até os dias de hoje. ‘’Amo o que faço, me dedico muito a isso e pretendo continuar sim, até me aposentar na atividade’’, comentou.

Stefani é engenheira de segurança do trabalho da Emplavi, empresa associada ao Sinduscon-DF, focada em sistemas de gestão integrada, no âmbito da qualidade e segurança do meio ambiente. Ela conta que a construtora sempre ofereceu boas oportunidades, além de estabilidade e segurança para o seu corpo de trabalho.
    
A jovem não é a única mulher engenheira na empresa. Segundo Stefani, cerca de 50% do corpo de trabalho nos escritórios da Emplavi são mulheres. Na parte de obras, também tem presença feminina, sendo estas divididas entre funções como técnicas de segurança do trabalho, jovens aprendizes, integrantes da equipe de rejunte e limpeza; além de outras três engenheiras e suas respectivas assistentes, auxiliares e estagiárias de engenharia.

Segundo a engenheira, a empresa não cria incentivos diretos para o ingresso de mulheres em vagas, mas ao mesmo tempo, não restringe ao gênero masculino. ‘’Não temos programas que determinam sexo para vaga e acho que isso já é favorável.  Se a mulher se enquadrar nos requisitos, ela consegue entrar’’, complementou. 

Outubro Rosa

Durante o mês de outubro, a equipe de consultoria ambiental da Emplavi está realizando diálogos de segurança em todos os canteiros de obras, conscientizando suas funcionárias quanto a importância da realização de exames preventivos. ‘'Serve tanto para as mulheres que trabalham aqui, quanto para familiares. Digo que incentivam até os maridos a conversarem com suas esposas sobre a realização de exames de toque'', disse Stefani.

Para a engenheira, campanhas como esta são de extrema importância e conscientizam as mulheres quanto a necessidade de se prevenir já que, por vezes, ocupadas pelo cotidiano, acabam não focando em uma situação tão delicada. 

Ela ainda afirma que o trabalho de conscientização da Emplavi encorajou-a a realizar os exames preventivos. ‘’Aproveitei e fiz o exame de toque, não encontrei nada. Como tenho plano de saúde, ainda fiz um check-up geral por meio de laboratórios e hospitais que promovem esses exames’’, comentou.

Mulheres no setor

De acordo com pesquisa feita pelo IBGE, em 2018, cerca de 239 mil mulheres estavam registradas como trabalhadoras da construção civil e, no entendimento de Stefani, o número tende a crescer cada vez mais. Apesar do aumento, ela acredita que o setor ainda é um ambiente predominantemente masculino.

A engenheira ainda comentou que, em sua turma de faculdade, a proporção de mulheres era bem menor em relação ao número de homens. ‘’Antes era mais complicado, mas hoje vejo as portas muito abertas para o público feminino, até porque nos identificam com habilidades voltadas para a questão de organização e gestão’’, discorreu. 

Para Stefani, é importante que empresas e governo incentivem a contratação de mulheres em escritórios de construção e, consequentemente, em canteiros de obras. Ela acredita que isso pode levar a aumentar o número de mulheres no mercado de trabalho, principalmente em funções de gerenciamento e liderança. ‘’Seria extremamente positivo para nós. Evoluímos muito, mas ainda temos muito mais a trilhar’’, enfatizou.

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