Dionyzio Klavdianos
Presidente do Sinduscon-DF
A dona da barraca do queijo me interpela no momento em que findava a feira e ia para o carro. Retira a máscara e, já convicta de que estava certa, pergunta se era mesmo eu quem vira na TV semana passada.
“De certo que sim…” penso rápido, antes de responder afirmativamente, lembrando das entrevistas acerca do impacto da pandemia do coronavírus no setor da construção civil. “Não disse que era ele…”, retruca satisfeita ao funcionário.
Anos a fio frequentando o mesmo local, no meu caso o Ceasa, e não fazemos ideia do quanto nos tornamos familiares àqueles que encontramos rotineiramente, mesmo que por poucos minutos.
Anos a fio frequentando o Ceasa e nunca havia me deparado com um ambiente tão ermo como o da semana passada. Minto, os sábados seguintes ao dia de natal também são. Mas é diferente, só vão os donos de barracas que têm alguma sobra no estoque para a Xepa derradeira do ano.
Agora não, estamos em época de fartura, festas juninas chegando (era para…), safra de morango iniciando, caqui doce e barato em caixas de 16 unidades, mexericas vistosas… Nada parecido com a desolação que presencio na área ocupada pela produção orgânica e agricultura familiar.
Eu mesmo demorei a reaparecer. Foi meu primeiro sábado depois da reabertura das feiras, menos por medo do contágio, mais pelo desalento que me causa a situação.
Mas no último sábado reapareci, interessado que estava em prospectar ingredientes para dar conta de uma receita de torta de morango e outra de abóbora. A abóbora já tinha, morango não ainda. Nem morango, nem um tanto de carne de carneiro e cominho para a de abóbora, tampouco o mascarpone da de morango.
Já dá para levar, mas os morangos ainda estão inchados e brilhantes, quase não se enxerga ainda os frutos incrustados na sua pele e que a gente acha que são sementes.
Em breve não precisarão mais de aparelhos e chegarão ao ponto naturalmente, a tonalidade viçosa, vermelho vinho, que demonstra sinal de saúde.
Em breve com eles, espero rever também quem não reapareceu ainda, gente que só de cruzar acaba deixando saudade. 
A de abóbora 🎃 deu certo 🙌🏻.
