Carnaval

Carnaval
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Dionyzio Klavdianos 
Presidente do Sinduscon-DF 

 

A parte mais pesada teríamos de buscar no Liceu das artes.

Havíamos escolhido a com pinta de mais simples para minimizar o trabalho de vesti-la e agora, além do trabalho de vesti-la, teríamos de encontrar o tal Liceu, caminhar até ele e voltar carregado de fantasia completa.

Perto do sambódromo barraquinhas ofertam todos os sabores de comida àqueles que aguardam o momento para se posicionarem. Choveu muito e os sacos de lixo de 200 litros, onde se guarda a parte da fantasia que ainda não se vestiu, acaba também servindo de proteção.

No Liceu uma ala inteira de maquiadores cuidam da pintura de rosto ou outra parte do corpo. Sua missão irá acabar ali, deduzo do que escuto da conversa dos que me pintam. Lanchar e partir para Niterói…imaginava que era tudo gente do bairro e que ficariam para assistir o passar da escola, mas tem mais a ver com movimentar a economia

Ao contrário do que se fez crer na primeira vista, uma fantasia com jeito de alegoria, ela era leve e ergonômica, e embora mais parecêssemos onça desembestando em meio à mata impenetrável, afinal eram dezenas de iguais a nós desfilando grudados um noutro, deu para brincar até durante os 43 minutos de desfile.

Mais de duas horas acampados esperando o momento do toque do clarim para avançar, com direito a água apenas, mas com o moral elevado. Boa parte dos que lá estão é da comunidade e passa o ano envolvido. Nem sei se ainda se emocionam como eu me emocionei, numa escalada, a cada chamada do diretor de evolução um avanço ligeiro de poucos metros, até dobrar a curva para o ataque derradeiro, entoando o refrão a plenos pulmões, empunhando o estandarte como fosse uma lança, acreditando que a vitória só dependia do meu desempenho naqueles 43 minutos.

“Brasília joia rara prometida, que Nossa Senhora de Aparecida estenda o seu manto pro povo seguir.”

 

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