O artista das formas

O artista das formas
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Dionyzio Klavdianos

Presidente do Sinduscon-DF

 

Reza a história que o empresário Sérgio Naya era bastante rigoroso com o caixa da obra. De forma alguma admitia excessos e quando tomou ciência dos altos valores conquistados em tarefas por um certo marceneiro na execução de formas (outrora os processos construtivos tradicionais, embora até mais intensivos que hoje em quantidade de mão de obra, faziam por merecer a alcunha de artesanais, no sentido do apuro, até da excelência, com que eram executados, portanto, nada de estranho em citar um marceneiro batendo formas).

 

Mas voltando ao tema central… quando tomou ciência dos altos valores conquistados pelo tal marceneiro, cobrou do engenheiro responsável pelas obras a razão do exagero. Este, não perdeu tempo em explicações, preferiu levá-lo ao andar onde trabalhava o profissional para vê-lo de perto produzir o que 5, quiçá 10, carpinteiros convencionais não dariam conta.

 

Estupefato, Sérgio Naya não apenas deixou de se queixar, mas passou, aqui e acolá, a visitar o canteiro onde o artista ficava em cartaz, unicamente para assistir ao espetáculo da transformação de tábuas em formas.

 

Um dia, a caminho da padaria, o marceneiro foi assassinado. Assim que a notícia chegou a seus ouvidos, Sérgio Naya, transtornado, pediu ao engenheiro da obra que visitasse a família e se certificasse de suas necessidades. Quando soube que moravam numa casa singela de madeira, ordenou que fosse construída uma nova em alvenaria .

 

Não quietou enquanto não foi informado da entrega do prêmio póstumo à viúva do artista das formas.

 

P.S – Esta história me foi contada pelo engenheiro Newton de Castro, que trabalhou muitos anos com o empresário.

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