Pistas

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Dionyzio Klavdianos

Presidente do Sinduscon-DF

 

Só pelos dois nomes iniciais não dava. Expliquei ao Ruyter que sem o sobrenome era difícil dizer a qual família de gregos sua amiga pertencia.

Havia falecido no dia anterior. Uma história bonita, há oito anos o câncer havia sido diagnosticado, nos últimos três encontrou a (e encontrou-se na) pintura. Revelou-se como artista e uma de suas telas fará parte, agora em outubro, da mostra promovida, anualmente, pelo Museu do Louvre, em Paris, para divulgação de novos talentos.

Passei o resto do dia tentando montar o quebra-cabeça. Meu segundo nome é Antonio em homenagem ao meu pai, poderia ser o caso dela, que morava, me contou o Ruyter, na 705 sul, para onde, lembrei de uma conversa com o vendedor de uma das mais tradicionais lojas de roupas masculinas de Brasília, rumava a pé diariamente o proprietário, cuja filha tratava de um câncer.

Passei a frequentar a loja quando lá parei para comprar um presente para meu pai, gostei do que vi, nem sabia que o dono era grego, foi a época que comecei a… digamos assim, cuidar mais da aparência, nem nó de gravata sabia dar.

Uma vez encontrei na lojinha de um museu livro ricamente ilustrado que ensinava a fazer todo o tipo de nó, dos convencionais aos mais ousados, comecei justo com o Windsor, o nome da sua loja, o primeiro da seção dos clássicos, difícil, até hoje recorro ao livro para seguir a sequência de nove passos.

Nunca vi seu pai na Comunidade Grega, embora contribua religiosamente com a mensalidade, quando lançamos o livro em homenagem aos 50 anos da fundação, fiz questão de entregar-lhe um exemplar com dedicatória.

Engraçado que o Ruyter, que me pareceu tão próximo a ela, não soubesse que o pai tinha uma loja de roupas masculinas. De certo ele, que sempre anda bem vestido, enveredaria pelo degradê de gravatas  expostas bem à frente, bem na cara do cliente que entra na loja.

Uma explosão de cores que, permitam-me uma liberdade poética, pode ter me estimulado a enfrentar o desafio de lidar com gravatas e Cristina a combinar cores em suas telas. De resto, nós para desatar e cores para apreciar, dois dos mistérios que dão sentido a arte de viver.

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