Marc Ferrez

Marc Ferrez
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Dionyzio Klavdianos 

Presidente do Sinduscon-DF 

 

A escada rolante que liga o mezanino do Instituto Moreira Salles direto ao 5º andar é uma atração à parte no belo edifício. Inclinação no limite, longa, lenta, a sensação é de estar dentro do carrinho de uma montanha russa.


Sensação amplificada à medida que nos aproximamos do cume, pois o patamar da escada fica encostado ao mirante do prédio, parada obrigatória para se contemplar a Paulista no entroncamento com a Consolação. O vidro do corrimão dá passagem para o céu, parece que nos aproximamos do precipício e terá inicio o processo de queda livre do carrinho.

Não é o caso, caímos é num saguão amplo, composto de livraria, café, bilheteria e uma painel gigantesco indicando as inúmeras atrações de filmes de arte e exposições fotográficas, o cerne do instituto, à disposição nos andares subsequentes.

Opto pela de Marc Ferrez no 6º andar, o nome me pareceu familiar e a foto ilustrativa no quadro, em preto e branco, é bonita e remete aos anos 50, povoado de grandes fotógrafos.

Engano, Anos 50, mas do século XIX e não do século XX como imaginava, a exposição monumental nos apresenta um grande brasileiro, grande e desconhecido da maioria, pioneiro da fotografia que fez uso da arte nascente para registrar personagens e fatos históricos da formação de nosso povo.

Sul, Sudeste, Centro Oeste, Norte e Nordeste, todas as regiões foram visitadas, e documentadas; os sertões e as casas históricas de Goiás e Minas, a mata amazônica exuberante, portos em Recife e Salvador, os índios botocudos da Bahia, a demarcação da fronteira entre Bolívia e Brasil, a expedição da comissão geológica do império, criada pelo imperador D. Pedro II com o objetivo de fazer um levantamento geológico sistemático do território nacional, da qual fez parte também o astrônomo Luis Cruls, cujo trabalho tem forte ligação com a construção de Brasília, a expansão da lavoura cafeeira no interior de SP e os resquícios da exploração escravocrata, a viagem do meteorito Bendegó da Bahia para o Rio de Janeiro...

Rio de Janeiro aliás que teve, por ser a casa do gênio, o privilégio de ser a cidade mais fotografada. Destaque para as fotos das fachadas dos casarões construídos na então recém inaugurada avenida Central, hoje Rio Branco, onde aliás fundou o primeiro cinema brasileiro, o cine Pathé.

Estão lá obras de infraestrutura, as mais diversas, fotografadas em diversos estágios, chega ao esmero de mostrar canteiros de obras ou os cortes de taludes da ferrovia Curitiba – Paranaguá, obras para abastecimento de água da cidade do Rio de Janeiro, construção do porto de Santos, estradas de ferro em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná…

Ferrovias para um país que viajava a pleno vapor ainda na virada do século XIX, mas que por qualquer razão descarrilhou.
 

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