Agenda velha

Agenda velha
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Dionyzio A. M. Klavdianos
Vice-presidente do Sinduscon-DF
Diretoria de Materiais, Tecnologia e Produtividade (Dimat)

O engenheiro Roberto de Souza, diretor geral do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), perguntado sobre a queda de qualidade da técnica no exercício da profissão de engenharia, cita a necessidade do profissional se dedicar a uma agenda velha e a uma nova.

Quanto à nova, nem é necessário se alongar. BIM, coordenação de projetos, Norma de Desempenho, Lean Construction e tantas outras novidades que, por mal compreendidas, acredita a maioria do nosso setor que vieram para facilitar a vida do engenheiro.

Crasso engano, pois o que adianta, melhor, como dominar tais inovações se nos falta a base? Qual base? A citada por Roberto de Souza na palestra: orçamento, planilha de custos, planejamento e controle de custos. Enfim, o beabá.

Estava reorganizando a estante e me chamou a atenção a quantidade de livros afeitos ao tema, que existiam há 15 ou mais anos. Acredito que boa parte já tenha saído de circulação, afinal, alguns deles consistiam apenas de exemplos de boas planilhas e tabelas para utilização pelo engenheiro que queria, de fato, controlar o canteiro de obras.

Hoje, com tantos programas à disposição, é capaz que poucos deem a atenção necessária a estas planilhas.

No Projeto Indicadores do Concreto, desenvolvido pelo Sinduscon-DF, a base das informações são duas planilhas em Excel, a despeito da colaboração de muitos profissionais, não é raro termos de deslocar um estagiário para o canteiro de obras, para que faça o preenchimento da planilha.

Em minha opinião, quando o responsável pelo canteiro dedica um pouco de seu tempo a este tipo de conferência, está atuando a favor da segurança técnica da obra. Afinal, tal procedimento não deixa de funcionar como uma espécie de diário de obras ou “redação relatório”, acerca de tudo o que aconteceu, no caso, durante o processo de concretagem.

Ao escrever, o profissional atua. Se atua, aprende. E, se aprende, melhora seu desempenho.

Fico pensando se no caso do viaduto que caiu em B.H, se de fato ficar comprovada o erro no registro da quantidade correta de armação, o quanto um procedimento básico de sentar e pensar terá feito falta.

Inovações como as citadas no inicio do post vieram, de fato, para ajudar na melhoria da qualidade de nossas obras, mas ”ajudar” e não ”fazer” pelo engenheiro.

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